sábado, 28 de dezembro de 2013

NATAL PODE SER NASCIMENTO DE ATITUDES


Estou muito contente comigo e o motivo é bem simples como essa árvore na varanda da minha casa. Ouvi em um filme que a diferença entre conhecimento e sabedoria é que a última é a primeira posta em prática. 

Há muito tempo sei da roda da vida e dos seus ciclos onde nada é permanente. Já me disse tantas vezes que a vida é mudança, já prometi escrever em frente à minha cama um cartaz dizendo ISSO PASSA para me relembrar que o estado de tristeza, como o de alegria, não são perenes, mas onde andava a coragem para por em prática essa convicção? Então, estou muito feliz comigo porque nesse Natal, a despeito de ter a perna direita enfaixada e não poder sair para as últimas compras em lojinhas de artesanato como sempre faço, eu consegui me adaptar a essa situação: arrumei a casa, fiz duas árvores naturais na varanda, simplifiquei a ceia, coloquei uma bota de Papai Noel, fui à confraternização do grupo de poesia DIVERSOS - Arte Poética Singular e com eles participei de um recital em um abrigo de idosos, com a ajuda de Luzia, coordenei a Confraternização do Sinasefe - Ba, do qual sou diretora cultural, como todos os anos, coordenei as apresentações das crianças na confraternização do meu Condomínio. Enfim, com a ajuda mental e medicamentosa corretas passei um dos melhores natais dos últimos tempos. As pessoas eram as mesmas (além de nós 4, da família de meu irmão e da família de minha cunhada, a madrinha de Liza, a madrinha de Ciro e a minha querida sogra-mãe, Wandinha), a casa era a mesma, houve brincadeiras de troca de presentes como sempre, mas tudo foi melhor porque eu adotei a atitude mental que me permitiu viver mais ou estar atenta e feliz com o que acontecia a cada momento. 

Pensei em questionar no quanto saberei fazer isso no Ano Novo, porém, graças aos céus, me lembrei que pensar nisso é viver o futuro e sair desse momento de satisfação comigo mesma aqui e agora enquanto escrevo esse pequeno texto de registro do que houve de crescimento em mim mesma. Partilhar essa experiência também é um motivo de satisfação, é claro.












sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

MINHA CARTA AO ANO NOVO



Com dezesseis anos, motivada por um gesto de extrema violência de minha mãe, tive o meu primeiro sentimento de que a vida pode parecer determinadamente desinteressante. No ano seguinte, meu pai deu a maior prova do grande peso que ela pode ter em nossa mente e a que extremo isso pode nos levar. Mais um ano e eu comecei resoluta um percurso no sentido de uma trajetória que firmasse uma identidade própria: fui aprendendo a viver com a liberdade que acredito ser direito de todo indivíduo, busquei me qualificar e construir uma história profissional,  reconstruí os laços de afeto com meus dois irmãos de sangue e firmei vínculos fraternos profundos e fundamentais com outros tantos seres, busquei contribuir para trazer paz nas relação com as árvores familiares das quais fui o primeiro fruto. Fiz uma longa busca no sentido de me conhecer, encarar e curar as dolorosas feridas e sentir a presença do divino como fonte de aceitação e amparo. Com 28 anos encontrei aquele que vislumbrei ser o meu parceiro no dia a dia e na educação dos nossos filhos. Mas, aos 54 anos, ao chegar à conclusão de que me identificava com a mesma menina órfã que fui aos 16, procurei entender porque enquanto buscava ampliar a minha liberdade, diminuía gradativamente o espaço entre as grades mentais que me aprisionavam. É assustador o quanto o passado pode ser um monstro gigantesco e ao mesmo tempo invisível...  Tenho voltado o meu olhar para os ensinamentos diários dos meus pequenos mestres: Ciro e Liza. Venho aprendendo a olhar os sinais de fragilidade e carência por traz da aparente maturidade dela que também aos dezesseis ainda precisa do cuidado e do colo de sua mãe. Venho constatando que em vários momentos Ciro é mais amadurecido emocionalmente do que eu e apesar de não ser um surfista profissional tem sabido encarar de peito aberto as sucessivas ondas de sua vida. O que desejo de 2014, está intimamente ligado ao desenvolvimento da capacidade de viver a família que construí: a zelar pelo companheiro que tem cuidado de mim por longo tempo, a dar colo àquela que o tem aguardado timidamente. Ao cair da prancha e mergulhar na escuridão do fundo do mar, posso sentir que há tranquilidade no seu profundo silêncio. Do mesmo modo que, ao ser arremessada para além da crista da onda, há a chance de optar pelo desespero de que a prancha bata em minha cabeça e me deixe inconsciente, como agarrar a possibilidade de  me ver acima da imensidão do mar e mais perto de nuvens e estrelas.  

CARTA  
             Mário Quintana

Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida,
Rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem seria...
Eu tenho um medo
Horrível
A essas marés montantes do passado,
Com suas quilhas afundadas, com
Meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros e gáveas...
Ai de mim,
Ai de ti, ó velho mar profundo,
Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios!





Desejo que todos soltemos as âncoras e venhamos à tona dos naufrágios de 2014 com corpo e alma mais leves e presentes. 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O QUE HÁ DE RACISMO EM MIM?


Hoje é o segundo e último dia da JORNADA DAS RELAÇÕES ÉTNICAS E RACIAIS do campus Salvador do IFBA,  no qual se homenageia Abdias do Nascimento. A comissão organizadora tem como presidente o professor e poeta Wesley Correia e vice-presidente, a professora Sônia Brito. Tive o prazer de participar das atividades de ontem, entre elas, uma excelente aula/apresentação de dança da professora da UFBA, Leda Maria Ornellas. No mês da consciência negra - assim como em todos os dias dos demais meses do ano - penso  ser que a pergunta essencial para cada um dos brasileiro se fazer é: o que há de racismo em mim?
Fui convidada por Wesley a participar do Itepé de Poesia apresentado pelo professora Juracy Tavares, em que seria lançado o livro DEUS É NEGRO. Infelizmente, como a atividade começou ás 2I h, o auditório estava esvaziado, mas fiquei gratificada com a qualidade das demais apresentações, com o pouco que pude aprender da cultura afro-brasileira e as reflexões que a oportunidade me provocou. Só apresentei duas poesias do livro de Wesley. A primeira que escolhi para apresentar me ensinou que: 

I) EKEDI ALAKETU,  é a filha principal da casa que não passa pelo transe e que foi iniciada em um terreiro pertencente à nação Ketu Ela é a correspondente feminina de OGÃ, o título do escritor Jorge Amado.

2) MOJEBÁ ou MO JUBÁ é uma expressão em Yorubá que significa  meus respeitos. Essa é uma saudação feita a EXU e à POMBA GIRA. Nessa cultura, EXU representa o mensageiros entre os humanos e os Orixás. na cultura Nagô.

A primeira reflexão foi do quanto, na minha infância, me impressionaram as 7 imagens em madeira de Cristo com características orientais da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Cachoeira, cidade do estado com cerca de 80% de população negra.


Assim que li sobre a condição de EXU como um mensageiro, o associei a Hermes, o filho de Zeus e Maia e mensageiro entre os humanos e os Deuses, cuja imagem é apresentada com um chapéu de abas largas, sandálias de ouro com asas e um cajado denominado caduceu. Isso se deu porque conheço um pouco das mitologias grega e romanas e sou totalmente ignorante da mitologia Afro. Não me são estranhos os nomes Prometeu, Apolo, Ariadne, Cupido ou Eros, Psiquê, Pandora, Hera, Hércules, Zeus dentre outros, mas nada sei  além de que sou de Oxossi e Yemanjá. Sequer sabia que Logunedé é filho de Oxossi e que Okum é mãe de Yemanjá. Vários dos nomes dos deuses dessa mitologia me são familiares, mas desconheço seus significados e histórias.   

Em 2003, quando aprovada a lei que obrigava  o ensino da "História e Cultura Afro-brasileira e Africana"  porque eu não me motivei a incluir isso nas minhas aulas de Matemática e mais tarde, de Inglês, um dos onze idiomas do pais de Nelson Mandela? Sempre fui contra a importação de valores americanos ou ingleses na nossa cultura, mas poderia ter utilizado textos da cultura afro nem que fosse no mural que mantinha para estimular a leitura em inglês dos alunos. Concluí que houve desinteresse de minha parte quando conheci os professores Magno Santos e Jackeline Amor Divino, que apresentaram uma oficina sobre SUDOKU, JOGOS E GRELHAS: BRINCANDO COM "RAÇA", LÓGICA, CIÊNCIA E ETNOMATEMÁTICA. Eu, como membro da SBEM, vi palestras e li trabalhos de expoentes da  Etnomatemática como seu fundador UBIRATàD’AMBRÓSIO e Sérgio Nobre, tinha a obrigação de buscar me apropriar e disseminar esse conhecimento.

Em uma mesa temática, sobre Arte e Militância: diálogos e perspectivas, coordenada pelo professor Breno Dias e cujos convidados eram Jorge Washinton do Bando de Teatro Olodum, a dramaturga Fernanda Júlia Barbosa e a cantora Margareth Menezes, ouvi a última usar o termo denegrir e defender a liberdade de negros usarem os cabelos  raspados, esticado e ou aloirados, como se não houvesse uma representação simbólica nisso e como se imposição midiática e comercial fossem sinônimo de liberdade. Nesse momento, também me dei conta de que as duas mulheres que trabalharam por dez anos em minha casa ainda são chamadas por mim de minhas empregadas. Ao final, fomos presenteados com uma apresentação da excelente cantora de duas muito oportunas músicas.


"Um indivíduo sem raízes é como uma árvore sem raízes ou uma casa sem alicerces. Cai no primeiro vento."    Ubiratã  D’Ambrósio

domingo, 15 de setembro de 2013

HISTÓRICO OU UM TÊTE A TÊTE COM O TEMPO

Hoje comemoramos 5 anos dizendo versos em vários espaços culturais da Bahia. O grupo que começou como Escola Lucinda de Poesia Viva - SSA passou por várias transformações em sua composição e hoje se denomina DIVERSOS - Arte Poética Singular.  Ao pensar nisso, duas constatações me chegam. A primeira é a de que sou uma dizedora de versos para além do grupo de poesia ao qual pertenço e isso me alegra muitíssimo. Não há aniversário, momento de reflexão terapêutico,  evento cultural, encontro entre amigos, festividades familiares ou não em que eu perca a oportunidade de falar a poesia que me parece mais apropriada para ele. Em vários desses lugares ganhei a alcunha equivocada de POETISA. Sozinha, já falei poesia para passageiros de ônibus interestaduais e municipais. Como tenho alma de educadora e para ela conhecimento só tem valor se partilhado, informalmente, já ensinei  a arte de falar poesia a crianças do meu condomínio, aos meus sobrinhos em cada encontro na ilha de Itaparica, aos colegas da Coordenação de Comunicação Social, às integrantes do grupo denominado Sabedoria Feminina (Luiza, Cari, Maysa, Hildinha etc), às amigas do Brechó (Paula, Luzia, Zezé etc) em Forró na casa de Bete, às colegas professores de Matemática (Odilva, Eliza, Helena etc). Formalmente, ministrei oficina de poesia falada no Espaço Pic-Nic do ICEP, do qual sou colaboradora, a membros da comunidade IFBA em uma Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura, a crianças da Creche Tereza Cristina do Lar Harmonia, onde fui voluntária, na Praça Vermelha do IFBA em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, a alunos da Rede Estadual de Ensino etc. 




A segunda constatação, menos prazerosa do que esta, é de que o grupo que formamos tem se apresentado com menor frequência nos últimos anos. Parte disso se deve aos atropelos da vida diária de cada um dos seus membros mas, parece-me, que a outra razão é o fato de termos ficado mais perfeccionistas ao longo do tempo. Se por um lado isso me parece um paradoxo porque o fato de já termos um caminho trilhado nos deveria deixar mais à vontade e confiantes, por outro me parece que a necessidade de inovar e apresentar um trabalho mais completo e singular nos tem exigido em demasia (devo dizer que isso me incomoda bastante porque. embora tenha o meu lado exigente, sou uma ariana que tem pressa em tudo). Pelo que refleti, chego à conclusão de que precisamos observar esse histórico em um tête a tête com o tempo e assimilar com mais coragem que a cada dia nos resta menos horas para enganá-lo com versos. Sobre isso, concluo a postagem com um poema de Vinícius em seu centenário.








POÉTICA I

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte 
Contra quem vivo 
Do sul cativo 
O este é meu norte. 

Outros que contem 
Passo por passo: 
Eu morro ontem 

Nasço amanhã 
Ando onde há espaço 
-Meu tempo é quando
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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

DREAMING WITH A SONG

DREAMING WITH A SONG



I believe I can fly
I believe I can touch my sky
I think about it these nights and days
Open mind and go on my way

And my life, it had been so poor
´cause I´ve lived without me, with you
Now I know I wish much more
for it has large open doors.

I believe I can fly
I believe I can touch my sky
I think about it these nights and days
I can fly in many different ways

listening to my heart whose beats
follow an old song that is so sweet,
on the radio when I´m on the roads,
dancing slowly and cheek to cheek
or seeing myself in other new words
when reading about similar stories

I believe I can fly
though I have no wings
I believe I can write
I do them in my dreams
I believe I can be me
I believe I can.


A música que ouvi no carro dá sentido às palavras acima: 

http://www.youtube.com/watch?v=TPJ5kqjEQlc

terça-feira, 10 de setembro de 2013

DISCURSO CATEQUIZADOR X CAMINHO ESPIRITUAL INDIVIDUAL


“O que une as religiões vem de Deus, o que as separa vem dos homens”. Com essa frase me situo frente aos praticantes religiosos, que frequentemente tentam me convencer de que encontraram o único e verdadeiro caminho que a Ele conduz. Tive uma formação católica na infância, estudei por sete anos em escolas de padres e freiras, fui batizada, fiz primeira comunhão e, ainda menina, fui madrinha. Desse percurso, no entanto, não restou muito além do temor a Deus e da culpa pelas minhas inúmeras faltas. Depois da maioridade, iniciei uma busca espiritual mais pessoal.  Quando me uni a Paulo, já aos 28 anos, optamos em não nos casar na igreja católica ou em qualquer outra religião. Cerca de doze anos mais tarde, quando já tínhamos dois filhos e sem qualquer planejamento, o Lama Padma Samten nos casou numa linda cerimônia budista.

Só me identificava parcialmente com os locais de culto que freqüentava. Das meditações da Self Realization Fellowship o que mais me tocava era a possibilidade de reverenciar muitos mestres. Dos Hare Krishnas, a alegria e desprendimento dos seus adeptos. Da religiosidade baiana, o sincretismo. Movida por uma amiga protestante, há cerca de um mês, entrei em contato com dois grupos espíritas. Tive um sentimento de pertencimento na chegada e logo depois ao ouvir da senhora que dirigia um dos trabalhos: - Não importa a religião, importam a fé e a caridade. Além do pleno sentimento de paz, senti grande alívio ao ouvir esta frase! Ela me deu a certeza que buscava para decidir repetir com a minha filha o batizado que fizemos do nosso primeiro filho, cuja celebração descrevo a seguir:


Antes do batizado, o primeiro passeio que Ciro fez, aos dois meses de idade, foi para o I Congresso Holístico, onde participou de uma bela cerimônia ecumênica. Próximo aos seus 6 meses de idade, decidimos o modo como iríamos batizá-lo. O ritual aconteceria em nosso apartamento, às 7h da manhã de um domingo. Não teríamos de escolher entre um monge, um padre, um lama, um guru, um babalorixá ou um pastor, e sim convidar amigos que professassem diferentes religiões e estivessem dispostos a dar sua benção àquela querida criança. Uma prece espírita surgiu como um passe de mágica em minhas mãos:

“Meu Deus, já que me confiastes a sorte de um dos vossos Espíritos, tornai-me digna da missão que me impuseste; concedei-me a vossa proteção, esclarecei-me a inteligência para que cedo possa discernir as tendências daquele que devo preparar para entrar na vossa paz.”

Incensamos o espaço, pedimos a todos se vestissem branco, preparamos as velas e a jarra de água com a qual iríamos banhá-lo. Os padrinhos já haviam sido escolhidos desde o nascimento, Isabel, uma amiga muito especial, e Tadeu, primo-irmão do meu companheiro. Havia ainda uma tia de cerca de 70 anos, Adyl, católica praticante e Fátima, que além de ter trabalhado conosco por mais de dez anos e ter estabelecido com Ciro uma relação extremamente maternal, era protestante fervorosa. Duas amigas, a primeira discípula de Paramahansa Yogananda, e a outra frequentadora de um grupo da fraternidade branca e alguns parentes como nossas irmãs, Vânia e Elisiária completavam o seleto grupo. A maioria de nós leu um trecho de um livro sagrado e o banhamos em água e pétalas de rosas. Foi tudo muito bonito e verdadeiro.


A cerimônia que planejamos e realizamos por intuição para o nosso primogênito, demorou a ser repetida para a sua irmã Liza, quatro anos mais nova, porque fazíamos muitos questionamentos sobre a nossa religiosidade. Enquanto frequentava um grupo budista, pensamos em deixar que ela, em sua vida adulta, fizesse sua opção como sugerem os seus ensinamentos. Os padrinhos, como da primeira vez, já estavam escolhidos e haviam assumido seus papéis. No entanto, quando Liza completou 7 anos, decidimos fazer a segunda cerimônia, com o mesmo e firme propósito. Desta vez, os participantes eram outros, além de minha irmã, meu irmão também participou, havia representantes do budismo e do espiritismo e eu fiz um belo café da manhã para todos.  


Para comemorar 25 anos de convivência feliz, pedi o meu companheiro em casamento e, no início deste ano, nos casamos em casa, em frente ao mar, com ele entrando com nossa filha e eu com o nosso filho. Para padrinhos escolhemos os nossos mais queridos parentes. Houve necessidade de contratarmos um pastor para que a cerimônia tivesse o caráter civil e como Paulo fizesse questão de que casássemos na igreja, solicitou que seu tio participasse da celebração nos abençoando. Para mim, não havia necessidade disso, porque já a nossa união já havia sido abençoada.  Minha opção seria que fizéssemos um ritual ecumênico, porém deixei que ele conduzisse a celebração e a festa. Atualmente frequentamos a organização Brahma Kumaris, cujo propósito é, através da meditação, torna mais viva a nossa lembrança de Deus.

O que une vem de Deus, estamos cada vez mais certos disso, mas os homens podem, caso desejem, reduzir os conflitos, revelando aquilo de verdadeiramente divino que carregam em si. Como afirmou o mestre Sathya Sai Baba: 


Fazer o bem. Ver o bem. Ser o bem.Este é o Caminho para Deus.”

NAMASTÊ

sábado, 7 de setembro de 2013

RECEITA PARA FAZER A SUA PRÓPRIA LISTA DAS TOP 10



INGREDIENTES:



1. admissão de que a ordem cronológica é mais indicada, por ser mais neutra do que uma ordem de preferência ou importância;

2. exclusão dos nomes (resista a essa tentação porque facebook já é exposição suficiente e não estou falando apenas por conta da CIA)... Nada de dar nomes aos bois;

3. não exclusão de um nome importante, apenas porque não houve uma música que marcasse esse encontro (pode-se recorrer a recursos como o livro de um poeta ou até a um livro de prosa como O AMOR NO TEMPO DO CÓLERA, desde que vc crie uma música para justificar a inclusão da pessoa na lista);

4. observação do lado bom de cada história vivida porque, como sabemos, os finais nem sempre foram felizes;

5. cautela e resistência ao apelo de fazer a lista dos TOP 100, afinal, sua memória já não é a mesma, especialmente se é uma cinquentona e tem a consciência de que quem insiste em chegar até o príncipe encantado precisa beijar muitos sapos... desencantados.



                                                                                                                                             

MODO DE FAZER:

Tome cuidado para não ferir o seu atual amor, declarando o quanto cada um dos anteriores foi importante para vc chegar ao que é e ao que vcs são juntos nos dias atuais. Por fim, tome coragem para tentar encontrar por onde andam aqueles com os quais vc perdeu o contato e os convide a se divertirem se identificando na lista.

P.S.: não se surpreenda ao descobrir que o ato de fazer a sua lista é extremamente terapêutico e até espiritual (se você o encara como uma forma de se perdoar, perdoar o que houve de desencontros pelo caminho e pedir perdão pela parte que te cabe no processo). E para quem não sabe do que estamos falando... basta acessar 


http://verapassos.blogspot.com.br/2013/08/a-cantora-as-cancoes-e-seus-amores.html
(Essa receita foi motivada pelo comentário da amiga Marilia Bezerra )

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A FALTA QUE ELA ME FARIA (E FAZ)


Assim como, Wesley Correia, eu gosto muito da intertextualidade. Acho divertido brincar adaptando os textos de outros para situações pessoais e diversas daquelas que motivaram seus autores. Então, quando a amiga Sarah Carneiro se despedia de nós para fazer o seu doutorado na França, fui motivada a fazer a versão abaixo do poema Currículo de Karina Rabinovitz (http://karinarabinovitz.blogspot.com.br/). Sarah era a colega do grupo de poesia que o apresentava no nosso recital Canto Quase Gregoriano. Eu sempre tive uma sintonia muito grande com Sarah, tanto que para comemorar o 2 de Julho, ambas escolhemos apresentar poemas de Gregório de Mattos e eu não queria deixar que ela fosse sem um gesto de carinho que lhe expressasse a falta que me faria (e faz). 


PASSAPORTE
                      Vera Passos para Sarah Carneiro

meu nome o livro já fala, é Sarah

meu endereço é aqui e ali,
Salvador, Equador ou Paris. Nunca para.

meu cadastro de pessoa física este corpo
que por dentro é fogo, nuvem, vento

meu registro geral foi lapidado em verso.
Desde o meu nascimento,
numa cidade com nome de Feira,
nutro certo encantamento
pelo que une e não sabe ser disperso.

meu telefone estará liberado
bão há passarinho, nem ninho ou nest
mas pra falar comigo ou Nelson
sem esvaziar o bolso e ficar complicado
só pelas redes sociais, use a internet

minha formação profissional
segue um caminho itinerante
já que acredito na beleza do instante

minhas atividades atuais
aproveitar as chances da vida
em uma corrida sem fim pra aqui e acolá
encontrar saídas
descobrir entradas,
para essa vontade desmedida
de aprender, de sonhar

por fim, minhas referências pessoais
é melhor que eu não diga
ou que se pergunte a alguém
que me ame demais...
Na saudade, elas são sempre geniais

mais verdadeiro
é que descubra,
sozinho, consigo

na ausência do meu baiano tempero
da minha louca ternura
do meu eterno desassossego

Alors, me deixam partir?
E aí? Garante esperar, pour moi?

sábado, 31 de agosto de 2013

SER CLARICE OU SER LÉA - EIS A QUESTÃO



                                                             http://www.almaimoral.com/

Refletir se você quer ser justo ou bom, se deseja manter a tradição ou rompê-la através da traição, se prefere viver aprisionado na moral do corpo ou perseguir os desígnios imorais da sua alma é uma consequência natural de quem assiste ao espetáculo A ALMA IMORAL, baseado no livro de Nilton Bonder e interpretado por Clarice Niskier. 

Sobre a nova temporada do espetáculo em Salvador:

http://www.bahianoticias.com.br/cultura/noticia/15542-monologo-039-a-alma-imoral-039-faz-curta-temporada-na-caixa-cultural-salvador.html

Tendo ido, ontem, ver esse monólogo na Caixa Cultural, fui motivada a fazer, com a ajuda imprescindível do amigo Arnaldo Menezes, a gravação do poema abaixo: 


AVISO À PRAÇA de Antônio Risério




A saída aponta por decidir-se ser humano no sentido mais elevado da palavra e seguir em movimento caminhando, enquanto os caminho se abrem! 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O BRASIIIIIIL CONHECE O BRAAAASIL?



http://www.youtube.com/watch?v=bkENNwwCqgM   Elis Regina cantava que O BRAZIL NÃO CONHECE O BRASIL. A pergunta que proponho é: O BRASIIIIIL CONHECE O BRAAAASIL?

O Sete morava com sua gente num velho rancho meio desmantelado, entre Navegantes e São João. No seu aspecto encolhido e raquítico, nas suas tábuas carcomidas e no seu ar úmido, apagado e encardido - o casebre parecia-se muito com as quatro pessoas que habitavam nele. O chão era de terra batida. Nas paredes, remendos de lata. O mobiliário, que sempre fora pouco e pobre, achava-se agora, desfalcado, porque muita coisa havia sido arrastada pelas águas, durante a última enchente. Naquelas duas peças de paredes enegrecidas de picumã, havia um permanente bodum - cheiro de suor muitas vezes dormido, de roupas sujas e molhadas, misturadas com ranço de comida e de sebo frio. Durante a noite - principalmente no inverno - os os moradores da casa pontilhavam as horas com suas tosses secas, num concerto com os sapos do banhado vizinho. Havia em todas aquelas caras uma expressão angulosa e sombria de fome crônica, duma fome que nunca se saciava por completo; e naqueles olhos morava um certo brilho quase opaco, que era a um tempo de febre, de desconfiança e de embrutecido espanto. 
(trecho do livro introdutório do capítulo de título Chá Amargo do romance O RESTO É SILÊNCIO de Érico Veríssimo)

Ontem, fui ofendida publicamente porque ousei informar a uma mulher negra, pobre e grávida que ela tinha direito a atendimento especial na fila do SAC - Serviço de Atendimento ao Cidadão. Um sujeito de tamanho enorme, que estava na sua frente, esparramado e se apoiando na coluna metálica da fila, persistiu indiferente ao pedido de licença da jovem para que lhe desse passagem. Depois dela ter repetido o pedido, ele praguejou dizendo que ela deveria contornar a sua figura e que não o tinha feito porque se tratava de uma preguiçosa! Espantada com a cena, eu me virei para um rapaz ao meu lado e desabafei: que falta de civilidade! Ele começou me respondendo e insistindo em que a moça era preguiçosa e terminou me chamando de vagaba, cadela e histérica conforme a minha voz e reação de indignação iam aumentado. Como a gerência do SAC  apenas se manifestasse para me fazer calar... terminei exigindo uma viatura, fui destratada pelo policial e ficamos, propositalmente, como de pronto declarou o atendente da delegacia, esperando por 4 horas para registar uma queixa contra esse senhor. Devo dizer que ele contou com o relato de um dos 3 policias em sua defesa e saiu antes de nós 5 da delegacia! Éramos eu, a moça grávida, sua irmã e seu vizinho - dos 3, apenas a sua irmã está trabalhando. Aquele era o seu dia de folga e elas tinham saído para, dentre outras coisas, ajudar o vizinho a regularizar o seu CPF. A quinta pessoa foi o meu marido que havia sido acionado por mim depois da atitude dos policiais. Gastei o dinheiro que tinha na bolsa com um lanche depois de passada a hora do almoço e, no final, descobri que eles tinham ido a pé para o SAC, haviam perdido o horário do banco e não tinham dinheiro em mãos para pagar as passagens de volta para casa. Além disso, a garota chamada de preguiçosa, fez questão de ir ao shopping para comprar o presente prometido para a sua filha, cujo nome estava tatuado em letras garrafais no seu braço esquerdo ADRIELLE. Como só pude dar o valor de uma passagem e eles tinham crédito no cartão para apenas mais uma, fiquei preocupada. Eles me tranquilizaram que tirariam dinheiro do cartão para garantir o retorno para casa. Por volta das 22h, no entanto, a tia das garotas me telefonou para agradecer e obter notícias porque até aquele momento elas não haviam chegado em casa. Eis a síntese da história entrando nos detalhes que mais importam: a visão de perto do machismo e abuso de poder dentro do mundo policial, dos flagrantes de roubo, de venda de drogas e de duas mães: uma  ajudando seu filho a prestar a queixa enquanto a outra pedia pela sorte do filho jovem delinquente que o abordara na porta da escola. Eu, me achando esperta, percebi que os 3 jovens estavam bem mais preparados para fazer as leituras sobre a forma como se portavam os policiais, oficiais e delegado. A título de exemplificação,  segue o link de imagens com uma mulher sendo agredida fisicamente por segurança do SAC:  https://www.youtube.com/watch?v=4YFMjz8QF2Q

Tenho me perguntado porque tudo isso aconteceu comigo. Em que ponto eu me permiti viver o ocorrido e mudar totalmente a uma rotina que incluiria receber a minha nova carteira de identidade, almoçar em casa, fazer terapia em um grupo de mulheres, ter atendimento individual, encontrar com amigas queridas para um chá no final da tarde, assistir a projeção das fotos do meu marido no projeto OLHOS DE RUA e apanhar um amigo de São Paulo que veio passar uns dias conosco?Qual o limite entre o exercício da própria cidadania e o sentimento de solidariedade e, do outro lado, a capacidade de nos defender frente às atrocidades diárias que vivemos? Qual seria o meio termo, a decisão mais sensata a tomar para que eu não fosse conivente com o desrespeito a uma mulher como eu, mas que não resultasse em ser também agredida e desmantelar um dia que parecia propício a muitas atividades agradáveis e fortalecedoras do meu eu? 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A CANTORA, AS CANÇÕES E SEUS AMORES.

     

      Nesse domingo, no nosso ensaio semanal, eu dei uma declaração bombástica: Olha, vocês aproveitem bem a minha presença, porque eu sinto lhes informar que a poesia é só um trampolim para eu virar cantora. Podem tirar a lasquinha de vocês, pois estou próxima a dar o salto!
       Foi uma euforia e gargalhada geral, logo superada por declarações semelhantes: uma ia ser comediante, tipo o Chico Anísio de saias, outra está se preparando para estrear como palhaça no circo do Capão e a terceira ainda em dúvida se seria uma diva, uma top model ou uma bailarina. Os homens do grupo só rindo e aplaudindo... 
      Há algum tempo tenho assumido o bordão da poesia ACEITAÇÃO de Cecília Meireles, na qual diz: NÃO TENHO INVEJA ÀS CIGARRAS, TAMBÉM VOU MORRER DE CANTAR! 
     Enquanto não coloco a minha cigarra interior para fora da forma mais exata, vou rememorando que, assim como as da maioria das pessoas, a minha história amorosa foi crivada de trilhas sonoras. Para cada novo amor, ao menos uma música a ele associada. Na incapacidade de enumerar todas elas, eu escolhi dez que são descritas e cujos links estão associados. Vejamos as top 10:

1. If de Bread: http://letras.mus.br/bread/5759/
Éramos várias colegas de escola e nos reuníamos para fazer versões das nossas músicas preferidas especialmente dedicadas aos amores do momento. O meu, devo dizer, que foi totalmente platônico,  já sobre os das outras meninas, nada posso afirmar...

2. Detalhes de Roberto Carlos: http://letras.mus.br/roberto-carlos/6971/
Mais uma música a embalar um amor platônico e à primeira vista, que começou em um veraneio na ilha de Itaparica e se manteve no plano das ideias por alguns anos;

3. I love to love com Tina Charles: http://www.youtube.com/watch?v=5e1Ti6-DKDk
  Essa marcou a noite em que aconteceu o meu primeiro beijo... era uma festa de 15 anos, eu carregava uma flor na mão e vestia lilás... impossível esquecer;

4.Neném do grupo Boca Livre:  http://letras.mus.br/boca-livre/83163/
A partir de um certo tempo, a exigência aumenta e o pretendente precisa ser o próprio músico. Nesse caso ele era um amigo de infância que tocava  piano ou violão;

5. Mel com Maria Bethânia: http://www.youtube.com/watch?v=rVXYME0GdDg
Nesse ponto da história, houve uma pausa para quem só admirava a música, mas não tinha talento musical. Significou um tropeço ou uma concessão?

6. Eu sei que vou te amar de Vinícius: http://letras.mus.br/vinicius-de-moraes/49269/#
Pôde ser alguém que tocava flauta e negava não só o próprio machismo como o de Vinícius de Moraes (este sim, o único machista que admirei, cujo centenário tem sido esquecido...);

7. O Amor Quando Acontece de João Bosco: http://letras.mus.br/joao-bosco/46532/   e
Desenho de Giz do mesmo álbum: http://letras.mus.br/joao-bosco/46514/
Aqui é quase um álbum inteiro e não apenas uma das músicas de João Bosco. Assim, eu acrescentei à lista duas que compõem o mesmo disco em vinil. Desenho de giz é a menos conhecida delas, embora o seu refrão tenha ficado mais forte na minha memória;

8. Amelinha: http://www.youtube.com/watch?v=7ALsajBUDBw
Nesse caso, só porque eu odiava a música, fui pirraçada não só ganhando o disco, como o apelido de Amelinha. Oh, raiva danada!

9. A penúltima música poderia ter sido de Francis Hime e Chico Buarque:
 http://www.youtube.com/watch?v=83mvyL2e6qw . No entanto, não houve um música especial, só uma noite de forró dançado meio fora do ritmo... Aliás, eu não devolvi o Neruda, porque não o temei, ele o deu pra mim.

10. Bossa do Bayard de Dulce Quental: http://letras.mus.br/dulce-quental/149122/
Essa eu passei a cantar para ele. Como Dulce Quental fez a música perfeita para descrevê-lo, eu jamais saberei explicar. É uma canção pouco conhecida, mas eu a tenho em vinil, em cd gravado do próprio bolachão e uns dois cds nos quais o disco délica foi relançado bem mais tarde. Por quê? Porque trata-se do definitivo amor... do que escolhi para ter ao meu lado, para gerar um casal de filhos, ver chegarem os cabelos brancos, segurar as barras dos momentos mais tristes e comemorar, com alegria renovada, cada uma das vezes em que eles vão embora!

ELE É CHEIO DE POESIA
CALÇAS SUJAS DE TINTA
PINTANDO FORA DA TELA
VIVENDO O PRÓPRIO POEMA

SEU SEXO É UM PINCEL
IMPRESSIONANDO MULHERES
COM TOQUES CLAROS E LEVES
COLORE LÁBIOS E PELES

NUMA GARRAFA DE WHISKY
IMAGINOU UM CAVALO
SOLTO, NO ESPAÇO
VEIO CAIR EM MEUS BRAÇOS

SEU ÚNICO E ÚLTIMO QUADRO
PINTOU COM A VIDA INTEIRA
LINHAS E TRILHAS VERMELHAS
ELE É O PRÓPRIO POEMA

ELE É O PRÓPRIO POEMA
ELE É O PRÓPRIO POEMA
ELE É O PRÓPRIO...

quarta-feira, 31 de julho de 2013

MEU PRIMEIRO SOUTIEN E A HISTÓRIA DOS MEUS CABELOS



Quem não se lembra dela?



1) da propaganda da VALISÈRE?                                                          Eu me lembro de uma garotinha que saía pelas ruas repletas de transeuntes com um olhar de extrema alegria e cúmplicidade consigo mesma, agarrada, não mais à sua boneca, mas a uma prancheta para esconder os seus peitinhos, agora e, enfim, envoltos no seu primeiro soutien...

Nascida Vera Lucia da Cunha Passos, eu comprei o meu primeiro soutien escondida da minha mãe. Isso aconteceu porque ela, para me controlar, me obrigava a usar corpete (uma espécie de camiseta de malha usada por baixo das bluas)  e me colocou em uma classe em que eu era a aluna mais nova, logo a única que não tinha peito nem precisava de soutien. A minha cúmplice nessa grande experiência de vida e passo em direção à feminilidade e o mundo adulto foi a lavadeira Iara - a rainha das águas da casa - com seus cabelos lisos e longos e, paradoxalmente, a mulher que tinha mais seios que eu conheci. Eram tantos seios que precisou, bem mais tarde diminuí-los porque seu peso afetara a sua coluna vertebral... Sim, na época não colocávamos implantes de silicone, nós escondíamos os nossos seios, quando nos pareciam estranhos à nossa cultura de mulheres arredondadas só na parte inferior do corpo - o modelo latino, o brasileiro. Hoje, como todos sabem, importamos o modelo americano e a grande maioria das mulheres coloca silicone... mesmo aquelas que já haviam recebido o título de Miss Brasil como  a minha homônima Vera, a Fisher. Parece-me que os seus precisam sair como setas, flechas ou FALOS no jogo ou na guerra de sedução e poder entre homens e mulheres. 
A época hoje dispõe de vários recursos para esconder ou negar os próprios seios. Há inúmeros disfarces: soutiens de bojo resgatados e modernizados da história de nossas avós como o foram os espartilhos atuais. Tem aqueles com base de arame, os de bojo com enchimento,  os falsos peitos de silicone que podem ser colados sobre os verdadeiros, lhes dando volume bem maior... até chegarmos à opção mais extrema: o implante cuja matéria prima vem dos EUA (essa deve ser uma das poucas matérias primas que importamos de lá... porque a via, o caminho usual entre matéria prima e materiais processados tem o sentido inverso)!
Lembro-me tanto desse meu primeiro soutien... ele era cor de rosa, tinha rendinhas e um lacinho bem no meio... eu o guardei na gaveta do quarto de empregada, da Iara das águas e da história... *

E quem não se lembra dela?

           Eu me lembro de uma ruiva com uma voz muito estranha e fanhosa que marcava os nossos ouvidos como unhas arrastando-se sobre um quadro de giz e dizia: vocês lembram da minha voz? Ela continua a mesma, mas os meus cabelos... quanta diferença!
Quando criança eu tinha cachinhos, depois, na adolescência, os meus cabelos ficaram mais lisos e eram sempre presos pela minhã mãe em um laçarote para que eu aparentasse ainda uma menina. Depois eram presos por elásticos (nada de Xuxas). Minha mãe era a dona da minha vida e os simbolizava através do controle dos meus cabelos. Ela decidia quando, quanto e onde os cortar e eu apenas obedecia as suas ordens imperiais. Na adolescência, apareceu a moda do cabelo cortado em camadas e as minha colegas os cortaram... e eu, a formiguinha da sala, só as admirava por essa autonomia e beleza. Até aquele dia.. em que eu fui, escondida é claro, até um salão próximo à rua Castro Alves, onde morava e também soltei e cortei os meus cabelos em camadas! 
Lembro-me do furor e dos elogios das colegas do colégio Sacramentina, quando me viram com o novo estilo e, mais do que tudo, da alegria interna que eu experimentava. Mas... tem sempre um mas em nossas vidas... minha mãe me pegou bem estratégica e disfarçadamente pelo braço e eu só me dei conta de tudo, quando estava em frente a um espelho com outra cabeleireira com tesoura em riste para dar a solução materna desejada naquela rebeldia e desalinho. Esta destruiu os meus cabelos e eu me vi tão horrível e desrespeitada que tive um descontrole emocional que causou a minha primeira menstruação. Acho agora que, como me impediam ou eu não tive forças para demonstrar que já era uma mulher por fora, meu corpo explodiu dando o sinal de que eu precisava ser uma mulher, ao menos por dentro! Minha mãe, muito cientificamente, constatados os fatos e o sinal vermelho da situação, me levou a uma ginecologista, para que ela me explicasse o que significava aquele sinal em sangue. Eu, muito obedientemente, fingi que não sabia de nada e voltei para a casa de onde iria embora, dois anos mais tarde, para enfrentar sozinha a minha vida, controlar o meu corpo e descobrir quem eu era de verdade. E, por fim, para escolher o(s) homem(ns) que teria(am) a permissão de tocar esse corpo que envolvia uma alma sagrada - só tocada por um deles. 
E devo dizer que esse caminho passou pelos neros, pelos bobs com os quais dormia e ia para a praia de Cacha-pregos no dia seguinte, até que eu fosse capaz de soltar a minha juba  (pois os sucessivos cortes mudaram os cabelos e eu voltei a ter cachos... muitos cachos), a ter e mostrar a minha juba de leoa, a minha liberdade de pássaro e os meus mistérios de esfinge.**

* tenho orgulho de ter amamentado, com meus peitinhos a minha filha, nascida prematuramente, por 10(dez) meses. Ao lhe lembrar que o seu primeiro soutien foi costurado e dado pela sua avó, aquela, a minha mãe... minha filha me relembrou que o seu primeiro soutien com bojo eu comprei e dei para a sua prima Diana, que era maior do que ela, embora tenham nascido no mesmo ano, mas... ...,mas ele não deu na minha sobrinha e terminou ficando para ela, a sortuda!

** finalmente, em junho passado, eu sucumbi às súplicas da minha filha de que queria alisar os seus cabelos encaracolados (eu e sua tia Vânia a chamávamos pelo apelido de Caracol, numa tentativa de que aceitasse os cachinhos de menina), não mais diariamente com o fazia  e com a pente de fogo, digo com a prancha, que comprou com a sua mesada... Ela estava disposta a pagar o seu alisamento com um processo químico e sem formol. Então, antes de ir para a sua viagem de debutante com origem no Brazil e destino na Disney da USA, eu precisei apanhá-la pela mão e a levar a um salão para garantir que iriam fazer um trabalho menos danoso ao seu visual.

CONCLUSÃO DAS HISTÓRIAS:

É PRECISO TER MUITO PEITO PARA SER MULHER NESSE MUNDO E NÃO SE DEIXAR ESMAGAR COMO BARATA, OU CUCARACHA, COMO SÃO DENOMINADOS OS LATINOS PELOS NORTE AMERICANOS E...

...É PRECISO TER A FORÇA DE UM SANSÃO E CABELOS REVOLTOS PARA ENFRENTAR A BATALHA DESIGUAL,AQUELA QUE TANTO NOS CONFUNDE ENTRE OS MODELOS DE MACHOS E FÊMEAS PARA CONSEGUIRMOS A COMPREENSÃO E FELICIDADE DA SINGULARIDADE E COMPLEMENTARIDADE DOS GÊNEROS!

(...continuando, agora- já à noite do mesmo dia- minha filha pesquisou os comerciais originais para mim, então passaremos do plano das lembranças para o plano da recuperação histórica do mundo virtual):
Comercial da Valisère:


Comercial da Colorama:



http://www.youtube.com/watch?v=A2ALKyLK82A

ACRESCENTANDO AS ÚLTIMAS NOVIDADES SOBRE O TEMA

this girl is on fire http://www.youtube.com/watch?v=mMp80G2q1Ks
Entrevista bombástica  http://www.youtube.com/watch?v=sHs8YKFdhSQ
as amigas http://www.youtube.com/watch?v=ybcrIA5ICLo
vers]ao masculina de Beonce http://www.youtube.com/watch?v=WGX0HQdDij4

quinta-feira, 25 de julho de 2013

25 DE JULHO - O DIA QUE NÃO ESTÁ NO CALENDÁRIO MAIA





HOJE ESTAMOS PARADOS NO TEMPO... MEDITANDO SOBRE ESSE DIA...
Comecei a refletir sobre isso às 3h da madrugada e vivi tanta coisa rica desde então que acabo de postar no facebook:

O DIA JÁ É OUTRO, OU CONTINUA O MESMO? TANTA COISA ACONTECEU DESSA MADRUGADA ATÉ AGORA NESSA MINHA VIDA... E AS RUNAS CELTAS AS ANUNCIARAM... SABEM QUE DIA É ESSE? 25 DE JULHO? É O DIA QUE NÃO EXISTE NO CALENDÁRIO MAIA - AQUELE NO QUAL LERAM ERRADO O APOCALIPSE E VENDERAM REVISTAS E PROPAGANDA COM ESSAS MANCHETES... É NESSE DIA QUE ELES FAZEM A CORREÇÃO DAS FRAÇÕES DE DIA, PORQUE O SOL NEM A TERRE SÃO BOLAS EXATAS... E GIRAM INEXATAMENTE, NÃO SÃO SÓ 365 DIAS E É PRECISO FAZER AS CORREÇÕES NESSE DIAS DE CAOS, PARA REORIENTAR O UNIVERSO.QUEREM SABER MAIS? PUBLICAREI AQUI...


CALMA GENTE, QUE VEM MUITO MAIS E EU ESTOU COM FOME E A MINHA FAMÍLIA... ESSES 4 DOCES BÁRBAROS VAI COMER UM PEIXINHO GRELHADO COM SALADA E ARROZ INTEGRAL PARA SE NUTRIR E FICAR FORTE E SE LIMPAR DAS SUJEITAS DO FAST AND JUNK FOOD!
QUAL O MELHOR LUGAR DO MUNDO? AQUI OU ALI OU ACOLÁ E AGORA JÁ QUE TEMPO E ESPAÇO INEXISTEM...
GILBERTO GIL:/http://www.youtube.com/watch?v=cC1ntip1f_U

AQUI E AGORA CHOVE MUITO COMO NO DIA DO MEU CASAMENTO! A PERGUNTA É PARA QUÊ TANTA CHUVA? PARA LIMPAR, LAVAR O PASSADO QUE ME ATORMENTA E NÃO ME DEIXA SER FELIZ, EU QUE TENHO TUDO PARA SÊ-LO!






domingo, 21 de julho de 2013

QUEM SOU EU? Decifra-me ou te devoro - ou ajuda-me a descobrir os enigmas que me revestem, a tirar os muitos véus!



EU SOU VERA e venho me desnudando frente a muitas fadas, terapeutas, mestras na matemática, nas línguas e na arte da poesia para descobrir melhor e mais verdadeiramente quem  eu sou...
Você tá sempre me dizendo isso, Eurídice Macedo; ontem mesmo, quando enviei a mensagem com vários nomes (Vera, Veroca, Véu, Verinha)  você acrescentou enigmaticamente: e por que não Verão com muita luz e sol? Poeta internacional da receita federal, você é quem me viu melhor até hoje, querida Ridi, seja saindo do banheiro da Monalisa com o corpo e a alma lavadas, né, seja no poema FONTE E FORÇA, onde me defino nesse blog. Mas eu ainda preciso me ver nas complementaridades que são Jina Carmem e Fátima Santiago, me ver pelas interpretações da outra Vera, da Verusa, terapeuta do grupo... 

Estarei eu preparada para a leitura dos arquétipos? Quando poderei ser a alegria da também poeta e lavadeira e prostituta e mãe dos filhos dos campos de Jequié, ou Jequequé da também poeta Silvana ( * )?  E na beleza da mestra espanhola que diz não entender o português, mas tudo sabe e dá lições de Garcia Lorca? E na sagacidade e múltiplas leituras da minha amiga/irmã jornalista e maravilhosa escritora Sarah com h que está lá na França? E na esperteza e doçura e poética de Fernanda Leturionto - lembrem-se de que ela já entrou no grupo pedindo a Licença Poética da poetiza maior do cotidiano - Adélia que é tão grande quanto o Drummond e o Bandeira, como anunciou o seu anjo esbelto. Mas tudo isso para nos encontrarmos com os nossos Zés, Lucianos, Rhunas - vamos ler essas pedras lançadas desse homem astrólogo - e agora com o jovem e sábio menino Alexandre e porque podemos, merecemos caminhar de mãos juntas e sem distinção de sexos, mas aprendizagens estatísticas, matemáticas com as Angelas M de Mirante ou Medeiros e com a outra colega de matemática e reverso da medalha a tímida e escrachada Vera Castro que dizia no meu ouvido: eles não podem confundir nem dar o seu talão de cheques para mim, tá tão claro: se for a boa professora sou eu, se for a professora boa é você, e com as brigas sem/com as diferenças de gêneros desde que seja através do amor e do perdão dessas Veras às Tânias em todas as suas formas... E aprender as lições da suavidade e doçura de Deus pela diretora, amiga, irmã e comadre Norma Oliveira. Porque TODAS elas valem a pena! Você sabe disso Sandra Pena ou Sandra(**) da Tara - não mais da Tara Vermelha, mas da deusa budista Tara verde - essa que é a minha cor predileta e a cor dos olhos verdes dessa mulher linda que nada fala, mas tudo escuta e transmuta na roda da vida e em prostações e danças.   Também aprendemos com o instinto - sexual ou não - de todas as mulheres e bruxas e xamãs como Sirlene Barreto, e especialmente com a minha irmã maluca e cega e vidente Zezé Vasconcelos que dizia, você não era a Vera Gata, eu te via como a Penélope Charmosa... E pela mão amorosa da mãe Marlene do Socorro e da ajuda política de Luzia Motta e até pelos enganos de Paula Mara ou Paulinha (a mais chique e feminina e GORDA e lembrar que a reitora Aurina nos repreendia cortando o  inha do nome dela. Regina Lovatti me lembrou disso nessa segunda! Sou uma justiceira dos processos escolares onde nos encontramos (Celiana, Lívia, Paula e Regina ou sou uma ALMA PACÍFICA E ETERNA?
Quando acabava de ir me ver na comunicação jornalística e corporal de Andréa Costa - a formiguinha e da minha chefe rebelde da Comunicação Social Lilian Caldas (que precisa rodar a baiana nos homens que a destratam pública ou secretamente). Mas a chefe depois foi a pernambucana Janaina, aquela que se emaranhou no jogo do poder, mas trazia bolos de rolos para nós todos, para provarmos da sua doçura da goiaba nordestina, ela que acompanhou e escreveu a trajetória do grande sambista Riachão. Quero mesmo extrair ensinamentos  da poesia da pequena grande Estherzinha. E com a primeira que me viu como comunicadora Maria, Mara Tapioca, lá no início da minha carreira e anunciou  o meu fim na Comunicação Social, convidada pela chefe Patrícia - Paty, você já aprendeu a amar sem dor? Quero e preciso me ver em todas as mulheres de Cora Coralina, né Cari? E nas cartas do seu tarô que você leu no grupo denominado  Sabedoria Feminina que foi gerado e instigado pela minha antiga vizinha, a dentista Luisa Baqueiro e seu equilibrado Roberto, dentista da Polícia. Vou aprender com ele, aquele homem tão sábio ou com os índios andinos?


Quero lembrar ou esquecer dessa polícia que faz greve e nelas distribui o terror porque não há outra polícia para sair batendo nela e distribuindo gazes de efeitos dúbios... e que fazem chorar os olhos dos jovens rebeldes e corajosos para que se subjuguem como na ditadura militar da ex-guerrilheira Dilma Roussef (quem diria que ela não entenderia os apelos da rua... esqueceu a força daquela que ela foi? a torturada?) Gente, é muita mulher, são muitos os ensinamentos e caminhos e EU ESTOU CANSADA. Mas nesta quarta eu tive forças para ir pelas mãos de Myriam socorrer e perdoar a minha ex-mãe e sua parceira LUZA (que está com aquele MAL que faz confusão e faz esquecer). Sim, somos mulheres que correm com os lobos! E ainda assim eu não sou CURADA nem pela psicologia, nem pelos medicamentos das minhas médicas e terapeutas do novo ICEP - dai-me tua antiga benção amorosa Nalvinha, fazei a massagem certa junto com as mãos de Joce que canta no coral da minha parceira nas histórias e poesias da vida, Zidi Brandão, pois O Passarinho lhe Contou tudo, o Mário Quintana cujos caminhos não são atravancados, porque ele NUNCA passará!



(*) e adivinhem em que Sarau eu, ousadamente, representei o nosso grupo DI VERSO - Arte Poética Singular na noite de ontem? Com as seguintes poesias:


                          Cadê você Mara Vanessa e a sua Marta Alencar - as mães de Maria?

1a. CREDO (para honrar aquela de olhos verdes que viu a necessidade da Escola Lucinda - obrigada Geovana Pires, eu voltei a falar, a dizer os versos da Poesia Matemática);
2a. POÉTICA II (de volta ao começo, não! Porém aprendendo as lições do diplomata, amante das mulheres e cantor Vinícius de Moraes, não o poetinha, o POETÃO, que aniversaria no final desse ano, quando iremos acender de novo as suas 100 velinhas - esse é o ano de parabenizar o iluminado Gilberto Gil que nos dia - o melhor lugar do mundo é aqui e agora). Enfim decidi ir de POÉTICA I para me orientar no tempo e no espaço;
3a. PERGUNTA OUSADA  PLATÉIA: O QUE QUEREM OUVIR? Respostas: Manuel Bandeira, Olavo Bilac e outros. Tive que me agarrar ao grito Drummond e apresentar ou falar daquela casa de portas aberta a todos, daquela CASA ARRUMADA  com a cara da gente do lugar;
4a. Para sair do ensaio e voltar ao terreno mais conhecido e seguro, fui cantar como passarinho o POEMA SENTIMENTAL das andorinhas de Quintana;
5a. E acabei com as palavras da cigarra CECÍLIA MEIRELES para aprender a fazer as escolhas entre ISSO OU AQUILO e depois descobrir com o poeta Ronaldo Jacobina que podemos incluir a 3a. opção e dizer e confundir a lógica cartesiana: É ISSO E É TAMBÉM AQUILO!

RESPOSTA FINAL (POR ENQUANTO): sou feirante e barraqueira, briguenta e pacificadora, sou triste e escandalosa, sou fonte e força pois sou a metamorfose ambulante e a maluca beleza de Raul


E EU, VERA LÚCIA POSSOS, POSSO ATÉ SER UMA MÃE...  E ESTAR PLENA E GRÁVIDA DE LUZ!
http://www.youtube.com/watch?v=Jnswob_qY4M  (ouçam na voz de Marinna Silva, digo, Lima)
http://www.youtube.com/watch?v=HhgSSPZ6Lh0  (ouçam também Gil cantando Sandra** e homenageando todas as mulheres quando foi internado no hospício depois de preso por porte de drogas)

NAMASTÊ A TODAS AS MULHERES DESSE MUNDO DE MEU DEUS!