quinta-feira, 20 de junho de 2013

NÃO VI PELA GLOBO NEM LI NO CORREIO DA BAHIA, HOJE EU TAVA LÁ NA PASSEATA!


      Hoje eu estava lá! Não vi pela tv globo, não ouvi no rádio nem li nos jornais. Saí do largo de Nazaré em direção ao Campo Grande. Como estava sozinha, juntei-,e a 3 garotos que também iam na mesma direção. Um deles tinha um papel metro em branco e enquanto dois deles procuravam algo para comer no Supermercado, nós conseguimos uns pilotos e escrevemos, democraticamente, 4 frases, uma de cada um de nós. O dono do cartaz começou com a sua que eu escrevi em vermelho: CADÊ VOCÊ DILMA?
       O segundo pediu que acrescentasse CONTRA A PEC 37!
Eu escolhi escrever: E O NOSSO DIREITO DE IR E VIR? (já tava tudo cheio de barreiras de policias esperando para nos impedir de trafegar até a Fonte Nova!)
O último encerrou com: O PROFESSOR É O NOSSO CAMISA 10! (Essa foi demais e eu quase dei um beijo no garoto!)
      Seguimos até o Politeamas quando a passeata vinha e se dividiu em dois percursos diferentes (um grupo desceu pelo Politeama e o nosso grupo seguiu pela Avenida 7). Aí eu me perdi dos meninos e estava sozinha porque os meus amigos haviam se reunido próximo da Escola de Teatro da UFBA e eu não tinha conseguido ir tão longe. O grupo era pacífico, jovial, eclético e animado. Havia várias faixas com dizeres diferentes. Passaram uns 4 travestis com uma bandeira de arco íris para o qual eu acenei. Dois garotos carregavam um faixa com a palavra CORRUPIÇÃO - eu lhes disse que riscassem o I ao que responderam: com a educação que temos você acha que dá para escrevermos corretamente? Eu lhes respondi: eu sou professora e faço a minha parte. Eles, agora já sabemos que não tem a letra I na palavra e rimos juntos.
     Tinha um carrinhos, tipo esses que vendem cafezinho só que com som e tocando músicas. As principais eram QUE PAÍS É ESSE E O HINO NACIONAL. As palavras de ordem eram:
NÃO É CARNAVAL, É SALVADOR CAINDO NA REAL! NÃO QUEREMOS SELEÇÃO, NOSSO GRITO É POR SAÚDE E EDUCAÇÃO! E quando viam um grupo de policiais, eles acrescentavam VOCÊ AÍ PARADO, TAMBÉM É EXPLORADO!
     Próximo à Faculdade de Economia eu encontrei os amigos do meu filho que são nosso vizinhos (Lin, Lucas, Júlia, Carol e Davi) e tiramos fotos juntos pra registrar a participação do nosso condomínio. Apareceu uma menina em uma lambreta e eu pedi a ela para seguir a manifestação na carona dela: fomos nos aproximando dos primeiros manifestantes pedindo que eles andassem mais lento para que desse tempo de todo o pessoal do Campo Grande se unir a nós porque haveria encontro com a polícia logo na frente. Ao chegarmos próximo do Colégio Central, parados, ela subiu na lambreta e viu que a patrulha de choque se aproximava em nossa direção. Quando as balas e o gás começaram a ser jogados contra nós, corremos desesperados buscando abrigo próximo ã entrada do terminal da Lapa que estava fechado. Na correria geral não vi mais a menina da lambreta nem os meninos do condomínio. Quando saí por uma rua lateral já próximo ao Tororó, a polícia começava a correr na direção contrária e eu me refugiei em um portão que dava acesso a um edifício. Sozinha, resolvi voltar para casa porque ao telefonar para os meus amigos eles ainda estavam chegando na Praça da Piedade e nem supunham o que os esperava: o confronto com a polícia armada do camarada Wagner unido ao seu mais novo amigo, ACM Neto!

terça-feira, 18 de junho de 2013

ACORDANDO DE UM SONO EM BERÇO NADA EXPLENDIDO!


Vi uma charge na internet que dizia mais ou menos assim:

Uma nova arena= R$1 bilhão de reais

Um ingresso para a copa das confederações = R$ 420,00
Ver a Dilma sendo vaiada por 70.000 pessoas = não tem preço


A grande contradição do fato que constrangeu a presidente é que quem a vaiou pagou os cerca de R$ 420,00 para assistir ao espetáculo que como na Roma antiga faz parte da política de pão e circo. Pelo preço pago pelos ingressos, esse público gosta de circo - que no Brasil tem o nome de futebol - e não está comendo pão, mas os brioches sugeridos por Maria Antonieta ao povo francês antes de ser guilhotinada! Aplaudir e até aceitar os gastos exorbitantes com todos esses estádios (o nome arena é bem simbolíco e foi bem escolhido também para nos fazer lembrar as civilizações antigas) que foram feitos no país sem a devida contrapartida em infra-estrutura não dá legitimidade aos presentes para vaiar Dilma Roussef.  A população que, mesmo gostando de futebol, ficou de fora das arenas porque não têm mais acesso aos seus lugares por conta de sua elitização sim, pode e deve se manifestar.  

Me sinto fazendo parte dela porque nunca vesti camisa verde e amarela nas copas do mundo, eu as comprei nessa época para usar durantes as eleições. E o grande exemplo para acordarmos vem da maior das torcidas, aquela que está nas ruas se manifestando, não apenas contra os 0,20 de aumento nas passagens de ônibus, mas contra os abusos, a corrupção deslavada, o desrespeito continuado, a inoperância dos governos, a prepotência, o desencanto de quem um dia acreditou que o PT era o único partido ético do país. Essa massa de jovens que vai as ruas nas várias capitais e contagia a população brasileira a ponto dos veículos mais importantes como A Folha de São Paulo e os mais retrógrados e fruto da ditadura, como a Rede Globo, admitirem que os atos de violência são pontuais, depois de terem chamados todos os primeiros manifestantes de vândalos. Os jovens tocam o alarme que faz acordar uma população que dormia há anos em um berço em nada explendido. E o melhor de tudo é ver que o movimento é legítimo. Será a nossa vez de 68 em Paris? Depois do vazio deixado por centrais sindicais como CUT e por entidades estudantis como a  UNE que se calaram quando entrou no poder o Lulinha paz e amor com o PMDB. No entanto, vemos surgir um novo e mais egítimo movimento estudantil, sem bandeiras políticas, sem líderes partidários que visam utilizar o movimento para se elegerem a cargos político e negarem a sua história e tudo o que antes defendiam. 
O presidente Lula teve a grande oportunidade de fazer uma grande faxina no Brasil. Sua popularidade era inacreditável, ele poderia ter mudado a forma de se fazer política no país, conclamando toda a população a apoiá-lo em reformas políticas, tributárias e abrindo a caixa preta da corrupção no congresso, denunciando os mensalões que sempre existiram historicamente, que não foram inventados pelo PT, mas foram usados e abusados por ele. No entanto, esse presidente sindicalista preferiu passar para a história brasileira como um governante surdo e cego - aquele que não sabia nada sobre o dinheiro que andava nas malas ou entre as cuecas de seus companheiros para comprar os congressistas.

           Estou muito orgulhosa da nossa juventude e da repercussão que suas ações têm tido na população em geral. Os jovens não são apenas impetuosos e sonhadores, muitos deles são bem informados e têm espírito crítico. Lembro-me perfeitamente do momento em que se anunciava a implantação do Salvador card. Eles tentavam nos alertar para a grande perda que seria para toda a população se o projeto fosse efetivado.Fizeram inúmeras manifestações contra isso mas nós não lhes demos apoio nem sequer os ouvimos. O que houve então? O sistema foi aprovado e hoje sofremos as suas consequências. A população precisa ir lá fazer o cartão e as recargas - pegando ônibus para isso, é claro. Os créditos, pagos como antecedência, não têm desconto especial por esse fato. As empresas porse capitalizaram com isso e resolveram os problemas de assalto porque já não há circulação de dinheiro na mão dos seus  cobradores ( portanto agora os passageiros é que são o alvo do roubo e violência. E em que melhorou a qualidade do serviço oferecido à população? A resposta é obvia - em NADA! A nossa inércia contribuiu decisivamente para isso. Não quero cometer esse mesmo erro desta vez e estou convidando o meu filho, que já passou a vergonha de ter os créditos bloqueados e precisar descer do ônibus, para me acompanhar.

        O movimento em Salvador ainda é pequeno, mas torço para que ele cresça e quero participar dele - não posso ficar ao largo do que de importante acontece na história do meu país, do meu estado, da cidade onde vivo. Salvador é uma das cidades com o pior transporte urbano do país, na qual o governador que era a favor da melhoria da educação no estado, destrata seus professores em greves e a corrupção e herança do coronelismo são evidentes. Em quanto tempo tratou-se de derrubar a antiga fonte nova e construir uma nova ARENA ITAIPAVA (arg!), enquanto o metrô é a vergonha nacional? Sugiro a quem ainda não participou dos atos que ao menos se posicione na rede e manifeste o seu apoio. Uma boa oportunidade para a participação será o 2 de julho, data histórica de manifestação popular na Bahia.