segunda-feira, 11 de agosto de 2014

APRENDI A OUVI-LA, A ESCUTAR A MINHA VOZ INTERIOR!


        Eu já tinha marcado em minha agenda que no dia dos pais haveria a Caminhada da Luz, há 20 anos, orientada pela nutricionista Glauvânia Jansen, quando, por volta das 18h, li no celular que essa seria uma lua muito especial, em que ela estaria mais perto da terra do que esteve nesses exatos 20 anos. Perguntei se seria mesmo ontem ou hoje. Porém, não esperei a resposta. Corri, coloquei biquíni, roupa de ginástica, uma rasteirinha e chamei a minha família para irmos juntos. Ninguém quis, como eu supunha, mas eu saí correndo ao encontro dela, dela que sempre inspirou namorados e poetas. Logo na saída, um engarrafamento estava estancando as vias internas, por onde os motoristas circulavam tentando fugir da viatura que os parava para fazer o teste do bafômetro. Por indicação de uma mulher, dei ré e passagem aos carros, o que me permitiu perceber que deveria optar por outro caminho para passar bem longe de engarrafamentos e viaturas e fui... fui ao encontro do que me sussurrava a forte e misteriosa intuição que sempre tive.


        Cheguei lá disposta a saudar Glauvânia com a pergunta: "E aí, tem espaço para a poesia nesse caminho?" Mas... ela não estava! Pela primeira vez em que fui dar meus passos sobre a areias a partir do Hotel Catussaba, ela estava ausente, essa surpresa me entristeceu um pouco. Alguém me disse que outra mulher coordenaria os trabalhos e, no escuro, me dirigi até ela. Abaixei-me e pude reconhecer, maravilhada, que essa moça tinha sido minha contemporânea da UFBA, quando éramos estudantes, e, por 24 anos minha colega no IFBA. Além disso, estava, finalmente aposentada como eu. Tinha sido capaz de vencer o seu medo do que significava a aposentadoria profissional, como tanto lhe estimulei a fazer. Era Elizabeth, irmã de Ednaldo, meu parceiro na Especialização em Informática Educativa (Cefet-GO/Unicamp). Beth estava tentando se concentrar para organizar, em sua mente e seu coração, quais seriam as atividades a serem desenvolvidas no percurso. Quando me ouviu falar em poesia, segredou que o tema seria "desapego" e me pediu que pensasse em uma poesia sobre isso. Eu vasculhei o meu repertório, ainda um pouco ressentida de que não teria a oportunidade de falar poesias sobre o grande Pai de todos nós. Mas, rapidamente, mudei de planos e segue o fluxo que se me apresentava naquele momento. Eu lhe falei, "...já sei, tem uma de Cecília Meireles, você quer ouvir?' Ela: "Não, se é sobre desapego e ainda Cecília, tá ótimo." 

        O grupo, que não havia sido reunido, desde a chegada de todos, estava disperso e muito barulhento. Bete, seguiu o roteiro de Glauvânia: pediu que se manifestassem aqueles que ali estavam pela primeira vez, explicou qual era a proposta do encontro sob a lua cheia, explicou acerca das 3 paradas que faríamos durante a nossa ida de 45 minutos e dos momentos de reflexão e união em cada uma delas. Além disso, deu as instruções gerais para que tentássemos nos concentrar em um objetivo que desejávamos para as nossas vidas. Como sempre, foi difícil calar, porque o barulho que nos circundava não era das ondas do mar, mas da nossas mentes super agitadas. Dançamos nos curando na primeira parada, fizemos um momento de meditação virados para a lua, agradecendo pelas coisas que precisávamos nos desapegar para que o novo encontrasse espaço dentro de nós (como esse momento reflexivo, mudou a energia de todos!). E, no final, Bete nos fez cantar a música da Paz orientando-nos que mantivéssemos o canto em nossas mentes e bocas. Foi então que troquei a música mental, porque eu fui até o final sozinha e me concentrando na minha respiração sincronizada com os meus pés e repetindo o mantra de Tara Vermelha. Fiquei aguardando o sinal que ela iria me dar para que eu falasse a poesia. E ela não me chamou em nenhum momento da ida. Voltei cantando baixinho a musiquinha da paz.



        Na conclusão dos trabalhos, ela pediu que as pessoas se manifestassem sobre a experiência que tiveram. Aí, todos calaram.  Então ela me pediu que viesse ao centro do círculo de pessoas abraçadas para lhes falar com palavras doces e poéticas o que nos sopravam os ventos nos cabelos, a brisa marinha e nos enchia da luz da lua. Queria ter agradecido publicamente a Glauvânia por estar presenta, sem estar, naquele instante, a Bete por ter conduzido tão sensível e inteligentemente a caminhada interior de todos e ao grande Pai que foi o mago responsável por nos uniu na noite. Falei que o maior desapego seria deixar que cada vida se fosse de dentro de nós e que os outros desapegos eram aprendizagens para esse momento último, considerando que vivemos diariamente sucessivos instantes de morte e renascimento. Uma introdução para esse lindo e profundo poema:

4º Motivo da Rosa:
roses

“Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.”


        NAMASTÊ!

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