sábado, 15 de outubro de 2011

MORAL DA MINHA HISTÓRIA - 02

COMEÇAR
Nos primórdios, as cordilheiras se confundiam com nimbos amontoados no sopé. Apesar da contra-lua solar oriental asfixiada, raios prateados se desbaratavam, desenhando um halo tênue em seus cabelos ondulados com a brisa matinal. Pouco se via de um riacho que arrastava pequenos seixos e bolhas translúcidas em volta dos seus tornozelos. (Somente eu apreciava essa grandeza épica, me esquivando entre o cascalho e o lodo, me abrindo pequenas frestas em meio à folhagem baixa e me perguntando obsessivamente, com as mãos úmidas de orvalho e medo, antes de acionar o mecânico gesto: "Será que ela me quer?")




PERMANECER
Uma luz clara e leve espalha uniformemente sobre sua pele uma suavidade plástica que me permite vê-la inteira. E o que poderia ser um sombra sutil sobre seus seios, coxas e olhos é preenchida por intermédio de um rebatedor circular que uso para difundir toda aquela luminosidade de volta. (Centenas de registros guardados em gavetas, na cabeceira da cama, em porta-retratos, em poeirentos classificadores no maleiro do guarda-roupa, em arquivos digitais espalhados em CDs e pen drivers são na verdade fragmentos de uma dúvida que nunca cessa: "Ela ainda me quer?")



MORAL DA HISTÓRIA: Quem disse que o melhor é comemorar 25 anos de casados? O fotógrafo é o mesmo e a técnica foi muito aprimorada. Mas o importante é que, aos 52, ainda continuo sendo a musa de suas lentes e textos! A nostalgia está de greve. Que viva o aqui e o agora!

4 comentários:

  1. Feliz bodas de prata. Que cheguem à de ouro, diamante...

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  2. E que venha o OURO, sem pódio, nem medalhas, mas com muitos momentos memoráveis! BJS

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  3. Que paixão!!!

    Parabéns ao casal. Que Deus continue a abençoá-los e nos permita presenciar os próximos 25 anos.
    Beijos

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  4. Veroca,

    Mulher, estou encantada com estas palavras. Quanta beleza! Quanta sensibilidade! Deus guie sempre o amor de vocês e o faça cada vez mais forte e artístico. Amei esta parte: "(Centenas de registros guardados em gavetas, na cabeceira da cama, em porta-retratos, em poeirentos classificadores no maleiro do guarda-roupa, em arquivos digitais espalhados em CDs e pen drivers são na verdade fragmentos de uma dúvida que nunca cessa: "Ela ainda me quer?")".

    Beijocas mil e mil felicidades,
    Sarah

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