Nos primórdios, as cordilheiras se confundiam com nimbos amontoados no sopé. Apesar da contra-lua solar oriental asfixiada, raios prateados se desbaratavam, desenhando um halo tênue em seus cabelos ondulados com a brisa matinal. Pouco se via de um riacho que arrastava pequenos seixos e bolhas translúcidas em volta dos seus tornozelos. (Somente eu apreciava essa grandeza épica, me esquivando entre o cascalho e o lodo, me abrindo pequenas frestas em meio à folhagem baixa e me perguntando obsessivamente, com as mãos úmidas de orvalho e medo, antes de acionar o mecânico gesto: "Será que ela me quer?")
PERMANECER
Uma luz clara e leve espalha uniformemente sobre sua pele uma suavidade plástica que me permite vê-la inteira. E o que poderia ser um sombra sutil sobre seus seios, coxas e olhos é preenchida por intermédio de um rebatedor circular que uso para difundir toda aquela luminosidade de volta. (Centenas de registros guardados em gavetas, na cabeceira da cama, em porta-retratos, em poeirentos classificadores no maleiro do guarda-roupa, em arquivos digitais espalhados em CDs e pen drivers são na verdade fragmentos de uma dúvida que nunca cessa: "Ela ainda me quer?")
MORAL DA HISTÓRIA: Quem disse que o melhor é comemorar 25 anos de casados? O fotógrafo é o mesmo e a técnica foi muito aprimorada. Mas o importante é que, aos 52, ainda continuo sendo a musa de suas lentes e textos! A nostalgia está de greve. Que viva o aqui e o agora!
Feliz bodas de prata. Que cheguem à de ouro, diamante...
ResponderExcluirE que venha o OURO, sem pódio, nem medalhas, mas com muitos momentos memoráveis! BJS
ResponderExcluirQue paixão!!!
ResponderExcluirParabéns ao casal. Que Deus continue a abençoá-los e nos permita presenciar os próximos 25 anos.
Beijos
Veroca,
ResponderExcluirMulher, estou encantada com estas palavras. Quanta beleza! Quanta sensibilidade! Deus guie sempre o amor de vocês e o faça cada vez mais forte e artístico. Amei esta parte: "(Centenas de registros guardados em gavetas, na cabeceira da cama, em porta-retratos, em poeirentos classificadores no maleiro do guarda-roupa, em arquivos digitais espalhados em CDs e pen drivers são na verdade fragmentos de uma dúvida que nunca cessa: "Ela ainda me quer?")".
Beijocas mil e mil felicidades,
Sarah