sábado, 17 de agosto de 2024
HEI, VOCÊ AÍ! ME DÁ UM DINHEIRO AÍ!
sábado, 10 de agosto de 2024
SÓ NOS RESTA ACOMPANHAR?
domingo, 7 de julho de 2024
À NOSSA ESPREITA
domingo, 16 de junho de 2024
FORRÓ, UM SOPRO DIVINO
FORRÓ, UM SOPRO DIVINO
Em um vídeo recém recebido (https://www.youtube.com/watch?v=4UrGfuw6GN4), Dominguinhos nos mostra cinco tipos diferentes de ritmos que são tocados durante os festejos juninos: forró pé de serra, baião, xote, arrasta pé e xaxado. Eu até consegui me lembrar do Falamansa que toca o chamado forró universitário, ao qual ele não se referiu, mas confesso que sequer consegui gravar qual deles é o embalo que tanto gosto de dançar com meu benzinho, seja em uma sala de reboco ou não. Afinal, essa matéria não passa pelo túnel nebuloso do intelecto, desliza pela via verdejante do corpo, esse mistério que me carrega e que insisto em naturalizar como se apenas uma carcaça fosse. Mas ele resiste e sela sensações e memórias: da minha aorta alçando voo enquanto deslizo na pista, conduzida por suas mãos com aqueles seus dedos beijando os meus como colibri em pétala recém orvalhada, do meu quadril que tenta avançar entre suas pernas exatos 2,25cm a cada toque da zabumba... Ahhh, e de sua voz ecoando em meu ouvido, acompanhando a música daquele jeito desafinado e gostoso, distoante não porque é experimentação bossanovista, mas porque é carimbo dessa marca registrada que é só sua. E tem a memória de mim também. De me dizer: “Veja, Vera, ele tá tão feliz!”; “Ele também faz seu movimento pra se roçar em você, e requebra, requebra, requebra macio”; “Sinta bem, registre o momento, guarde a sensação de que ele requebra nesse compasso de alegria que, com a caneta dos pés, traça a frase: “Olha, que isso aqui tá muito bom, isso aqui tá bom demais...”
E no almoço do dia seguinte, quando nossa filha pergunta como
foi a reza pra Santo Antônio e o forró que a seguiu, lembro do Sto Antônio que ele me deu em um nicho com florzinhas de metalacê eo bilhete: "Você tem muito a agradecer a ele!" Mas é nesse momento que ele me desafia: “Qual foi mesmo a música
de que eu mais gostei, ontem?” Eu saio correndo desesperada a pesquisar e lhe
respondo sem qualquer certeza, achando que dei um chute que no máximo vai bater na trave:
“Debaixo do barro do chão da pista onde se dança, suspira uma
sustança, sustentada por um sopro divino...”
Nessa hora ele ri satisfeito comemorando a minha excelente
memória e sabedoria sobre esse ser incognoscível que ele é. E é claro que concordo
totalmente com essa sua conclusão, afinal não sou boba nem nada! Eu só sei
que:
Eu não sei do arrasta pé.
Eu não sei do forró pé de serra.
Eu não sei do baião.
Eu não sei do xote.
Eu não sei do xaxado
Eu só sei que estava lá. E ainda estou!
quinta-feira, 13 de junho de 2024
TIRE AS SUAS MÃOS DA MINHA PRAIA
(Lucro – Baiana System)
A luta contra o progresso desmedido, sem planejamento e
análise dos impactos econômicos, sociais, culturais e tendo como critério a sustentabilidade
não é nova e a questão está longe de ser resumida na dicotomia entre progresso
e estagnação, entre o urbano progressista e o rural bucólico e atrasado.
Trata-se de uma batalha que vale a pena ser travada se os adversários são o PROGRESSO
DESMEDIDO e o PROGRESSO RESPONSÁVEL. De fato, o que está em disputa é o crescer
desordenadamente e o crescer de modo planejado, considerando os interesses de
todas as camadas da população, minimizando os impactos ambientais etc. É essa a
questão que está em voga em várias situações contemporâneas. No Brasil de hoje,
ela é um fator de fundo quando analisamos as catástrofes no Rio Grande do Sul e
está em voga quando a maior parte da população brasileira se manifesta contra a
Proposta de Emenda Constitucional que permite o uso de nossas praia.
Em Salvador eu a observo principalmente na questão da mobilidade urbana e no uso do solo. Ao problema dos enorme engarrafamentos na cidade, os órgãos responsáveis têm respondido com viadutos por toda parte, muitas vezes construídos sobre a destruição de lindas áreas verdes. Está também demonstrada a opção de modelos de transporte ultrapassados trafegando em trechos já contemplados por outras 1possibilidades de deslocamento, a exemplo do BRT. Lembro-me bem que na campanha eleitoral para prefeito da cidade, o candidato Hilton Coelho (PSOL) enfatizava que o GLT era mais moderno e mais indicado do que o BRT para implementação na cidade. Mas o que vimos foi o BRT sendo implantado depois de anos dessa discussão, portanto com tecnologia ainda mais defasada, em local onde havia árvores centenárias, em um trajeto já percorrido por ônibus convencionais e pelo metrô, menos poluidor e mais rápido.
Já ao problema do crescimento urbano, desde que o gabarito de construção foi modificado (mudança no PDDU), quando João Henrique Carneiro era prefeito, os arranha-céus estão pululando como pústulas de sarampo na pele de crianças não vacinadas. Moro em um bairro que era caracterizado por moradias horizontais, no qual não existia um só prédio de dois andares. Hoje estamos cercados por edifícios com cerca de vinte andares, alguns deles se denominando bairro, como o Green Ville que de “green” e de “ville” não tem nada. A hipocrisia no modus operandi das empreiteiras é tão grande que têm o displante de utilizar nomes da flora e da fauna nos prédios e grupos de construções que foram construídas nos lugares onde antes havia justamente inúmeras espécies da flora e da fauna! Exemplo muito marcante disso foi o que transformou o Horto Florestal da Cidade do Salvador no famoso bairro “Cidade Jardim”, onde impera o concreto e foi tão mal dimensionados que se um morados faz uma festa, ninguém pode visitar alguém dos prédios vizinhos porque a rua vira um grande engarrafamento e não há vagas para nela estacionar. Recentemente e igualmente grave foi que escavaram o morro logo abaixo da Cidade Jardim só para construírem mais um dos “trocentos” supermercados Hiper Ideal. Afinal, tudo depende de quem está a fazer. Do poder político e aquisitivo do proponente. Não é mesmo?
Mas a grande e pior das novidades não é só que esses edifícios estão sendo cornstruídos em frente ao mar, em um projeto de tornar nossa orla igual a Copacabana, na qual não corre nenhuma brisa, é que começaram a construir no canteiro entre as duas pistas da orla, entre as pistas da Avenida Otávio Mangabeira! Cada dia que passo por lá, vou contando quantos andares já foram construídos em um deles. Comecei achando que eram 3, mas já ultrapassam 6!
Mais um exemplo que destaco é o que está prestes a acontecer na Praia do Buracão, no Rio Vermelho:
Projeção de sombras que incidiriam sobre a Praia do Buracão caso sejam construídas as três torres planejadas pela Novonor (antiga Odebrecht) no Rio Vermelho, em Salvador; doutora em química contra o projeto alerta para o risco às correntes marítimas e à ventilação da cidade — Foto: Ilustração do arquiteto Daniel Pessoa a partir de detalhes do projeto/Movimento SOS (portal Globo)
Há alguns dias, ouvi a fala do deputado Alceu Moreira, (pasmem) DO RIO GRANDE DO SUL, que teve a
brilhante ideia de pôr em votação na Câmara essa Proposta de Emenda
Constitucional denominada popularmente de PEC das PRAIAS. Vale escutar o áudio, porque
ele nem disfarça que o objetivo é liberar as praias pra especulação
imobiliária! Por que será que, entre
todos os problemas do país e, especialmente, aqueles gravíssimos do RS, essa
"ilustre excelência" está tão preocupado com isso? Matéria publicada
no UOL relara a lista de oito senadores e um governador a serem beneficiados
pela sua aprovação e que há ainda 116 vereadores, 65 prefeitos, 41 deputados
estaduais e 31 federais, 31 vice-prefeitos e 2 vice-governadores. Também podem
ser favorecidos pela eventual mudança na legislação empresas do setor
imobiliário, da agricultura e empresários que possuem imóveis nos chamados
terrenos de marinha, que pertencem à União.
Só faltou que o deputado Alceu encerrasse sua fala com a
seguinte frase:
Hotel Tambaú, uma construção particular na praia de João Pessoa, feita em 1970 para uso privado.
Essa luta é muito antiga, mas continuamos como estacas de braços dados, impedindo a boiada de passar
quinta-feira, 23 de maio de 2024
EU E VERY IMPORTANT PEOPLE
Nessa que foi a minha última viagem, tive a experiência de ir para uma SALA VIP no Aeroporto de Congonhas, a convite de uma das pessoas que viajaram comigo. Sempre detestei essa sigla VIP e me perguntava o proquê de haver pessoas muito importantes, designação que ers agravada pela constatação de que isso era um marcador de classe social. O fato é que no Brasil da pandemia, o número de pessoas desimportantes, que sempre foi enorme nesse país estremamente perverso e desigual, foi aumentando vertiginosamente (de 2019 a 2022, o IDB diminuiu 3 pontos, passando o país para a 89a. posição). Nunca perguntei nem havia parado muito para pensar como seria uma sala VIP. Só achava que teria cadeiras mais afastadas e confortáveis. Ontem eu descobri que não era apenas isso. Não foram só cadeiras o que vi. Havia vários salgadinhos, diferentes tipos de bolo e biscoitos, máquina de café, capuccino etc, geladeira com cerveja, refrigerante, água e vinho e banheiros exclusivos em um ambiente refrigerado.E pelo que me informaram, essa não era uma sala tão VIP assim. Outras são muito melhores!
O que faz com que os bancos brasileiros invistam dinheiro em montar esses espaços? Certamente tem relação com seus lucros, que estão entre os maiores do mundo! O que se dá na mente de alguns brasileiros que os faz terem a necessidade de se sentirem mais importantes nos aeroportos e em todos os lugares do país? É a herança escravrocata? O fato de termos um dos piores IDH do mundo? Não sei quando surgiram as primeira salas VIPs, mas tenho um palpite de que isso aconteceu depois que as companhia enxugaram seus serviços e preços e pessoas de estratos inferiores da sociedade passaram a ter a possibilidade de entrar em um avião. Foi isso que tanto indignou o ex-ministro Sr. Paulo Guedes, que expressou esse pensamento na sua famosa frase "Empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa danada!"
É muito triste acompanhar o empobrecimento de cidadãos brasileiros. Há alguns anos, quando eu voltava do trabalho, sempre encontrava um homem vendendo alguma fruta na sinaleira.Á medida que o tempo foi passando, a sua aparência foi ficando cada vez mais esquálida e sua roupa mais folgada e suja. Até que um dia eu o encontrei em um outro semáforo. Nesse dia não mais vendendo limões, mas pedindo esmolas...
Outros exemplos se deram na Boca do Rio. Eu sempre ia a um relojoeiro que tinha uma pequena loja na calçada da rua principal do fim de linha do bairro. Além de trabalhar muito bem, ele tinha um ótimo atendimento. Depois de um tempo, ele se transferiu para uma sala um andar acima, bem menor do que a anterior. Obviamente concluí que já não podia pagar o aluguel da sala anteior. Até que ao procurá-lo depois da pandemia, soube que ele tinha fechado a loja. Na semana passada perguntei a um camelô, que também conserta relógios, o qual me disse que ele havia morrido. Esse não foi o único caso que chamou a minha atenção. Na calçada dessa mesma rua, havia uma papelaria que foi reduzida à metade. Por quanto tempo ela resistirá, não sei dizer.
Tem sido quase sempre assim, exceto quando há políticas sociais que visam diminuir a pobreza. No entanto, o montante que setores como o agronegócio recebem de subsídios poderia e deveria ser usado para diminuir a enorme distância que separa aqueles considerados VIPs dos simples mortais. Não vou, hipocritamente, dizer que não gostei de ter aquelas mordomias ao meu dispor. No entanto, a equação do meu desejo não inclui a variável "Só eu posso ter".
domingo, 12 de maio de 2024
COMO SER OU NÃO SER MÃE
Amigas, boa madrugada.
Fiquei contente ao notar que provavelmente serei a primeira pessoa a lhes desejar um feliz dia das mães...
Sabem, na autobiografia de Jane Fonda - cuja leitura eu recomendo - ela diz que a lição mais difícil e importante que, se quisermos, precisaremos aprender é a de educar noss@s filh@s, No entanto, para preparar para tirar boa nota nessa tarefa tão complicada não há cursos...
Em todos os segundos domingos de maio, eu me ponho a refletir sobre o quanto ser mãe é desafiador e como, nessa sociedade machista, o ato de ser mãe se impõe como um desafio bem maior do que aquele de ser pai. São vários os exemplos dessa assimetria entre as expectativas em relação a ser mãe e a ser pai. Começa que, ao contrário do que acontece com as mulheres, ninguém questiona se o homem decide não ser pai (se ele resolve ficar solteiro, passa a ser visto como "o tal"/ "o que não quis mulher nenhuma ", enquanto ela é considerada "a rejeitada"). Mais do que sabermos, vivemos essas situações díspares rotineiramente. Porém, importa saber: com que base nos lançamos nessa aventura tão complexa que é ser mãe dentro desse ambiente patriarcal. Penso que o fazemos tendo por base não só os acertos, mas também os erros das nossas próprias mães. É a partir da vivência como filhas que decidimos se queremos ser mães e que tipo de mãe queremos ser. A minha mãe se foi nesse ano e tive o consolo de me lembrar de várias vezes lhe ter dito:
- Minha mãe, você foi uma mãe melhor do que a sua, eu sou uma melhor mãe do que você e tenho a certeza de que minha filha será uma mãe bem melhor do que eu". Acredito nisso: que a vida só vale a pena se conseguimos nos ver como setas que não atingem a mira, mas não deixam de se lançar, de voar buscando se aproximar dela. Muitas vezes vacilantes, caminhamos para dar passos mais leves, e ainda assim, firmes, visando ser e fazer melhor.
Por tudo isso, nesse ano não lhes envio uma das mensagens de praxe com flores e corações, nas quais se diz que só temos virtudes e sempre acertamos no modo como orientaram @s noss@s filh@s. Ao contrário, envio os links de um áudio com Inezita Barroso cantando a música "Mãe é dureza", do texto com o poema "Vigílias das mães" de Cecília Meireles e de um vídeo em que Elisa Lucinda recita a sua poesia "Chupetas, Punhetas, Guitarras" e um áudio do meu canal VIVERDEPOESIA no qual recito esse mesmo poema, pois todos eles observam a maternidade sobre outros pontos de vista. Desse modo, desejo que os recebam como o perfume de um buquê de jasmim aos sentidos e como a paz aos corações.
Vera Passos