quarta-feira, 25 de outubro de 2017

OUSADA, DIVERSA E VELOZ

Ousada, múltipla e veloz são adjetivos que me definem bem. A ousadia e a pressa eu descobri muito cedo. O natureza múltipla, um pouco mais tarde. Era professora de matemática e lembro-me bastante: eu estava em um salão de beleza, próximo ao antigo Horto Florestal do Salvador, quando li na revista Nova, que Ruth Rocha começou a publicar aos 45. Como eu tinha cerca de trinta anos, imediatamente, pensei: "ainda dá tempo pra mim".

Em 2009, comecei a publicar neste blog. Desde então, através de concursos, foram publicados alguns contos e crônicas, mas nunca pensei escrever poesia. O local em que ela estava era de difícil acesso . À minha volta não havia um bote capaz de me permitir acesso à ilha encantada de R. L. Stevenson. 

Ao contrário de me enveredar pelos embates entre os que defendem a escrita como inspiração divina e os que enfatizam o labor envolvido nessa tarefa, prefiro me agarrar à âncora da certeza de que podemos desenvolver inumeráveis e impensados talentos, se oportunidade, incentivo e disposição para isso tivermos. Afinal, jamais saberei se Allan Poe realmente produziu o seu poema do modo racional como descreve na "Teoria da Composição" ou se este texto é um embuste dirigido aos menos agraciados com dons literários.  

Depois de aposentada, voltei à Universidade Federal da Bahia, movida pelo desejo de respirar o ar de diversidade e vida que só uma universidade pública é capaz de exalar. Escolhi fazer o curso mais inovador dela: o Bacharelado Interdisciplinar em Artes. Já andava envolvida em atividades de cunho artístico: poesia falada, canto coral, contação de história, artesanato etc. Meu principal alvo era ir para a área de concentração Escrita Criativa e escrever não mais empírica e  isoladamente, mas através do estudo sistemático dos processos de criação dos grandes mestres e das técnicas já organizadas para esse fim.

                                                         
O Bacharelado Interdisciplinar é um curso muito interessante para abrir novos olhares para quem tem tendência a uma visão muito estrita do conhecimento, mas pode dispersar pessoas como eu que, ao contrário, têm interesse em conteúdos de diversas áreas. Assim, até agora, já no quinto semestre, ainda não entrei na área de concentração. No entanto, a única disciplina de Criação Literária que cursei, semestre passado, me fez crer que é possível escrever a MINHA poesia. E isso me deixou tão surpresa e feliz, que quero partilhar esses sentimentos com outros. É ousadia, sem dúvida. Sem pressa e ousadia não seria eu. Há 13 anos, já passei do limite de publicação de Ruth Rocha,  e não sou tão otimista quanto Cora Coralina.  Jamais esperaria até os 75 anos, mesmo se tivesse a certeza de que chegaria lá e produziria textos elogiados por Drummond


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