quarta-feira, 4 de outubro de 2017

DANÇANDO NOS EMBALOS DA VIDA

Uma das competências mais importantes exigidas pela contemporaneidade é a flexibilidade. A vida sempre foi dinâmica, a nossa percepção disso é que não era tão clara. Nos dias atuais, a velocidade com que os seus processos estão se dando é assombrosa. Se não desenvolvemos uma atitude adaptativa de perceber seus ritmos, suas tendências e tentar ajustar nossas formas de pensar e agir segundo esses seus aspectos, ficamos ainda mais atordoados. Os modelos que o ocidente estabeleceu para compreender os processos dinâmicos da realidade têm se provado muito limitados na compreensão dela. Paradoxalmente, descobertas do campo das ciências exatas impõem mudanças de paradigma na nossa compreensão do mundo e reforçam o que as demais áreas do conhecimento já apontavam: a natureza orgânica e dinâmica dos processos. Assim, é justificável que a obra do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, falecido neste ano, venha sendo tão estudada. Bauman cunhou o termo "modernidade líquida" para definir esse tempo. Utilizou a metáfora do "líquido" ou da fluidez como o principal estado dessas substancias.  O líquido é flexível, sofre constante mudança e não conserva sua forma, mas se adapta à forma do recipiente que o contém.

Em meu universo particular, desenvolvi uma rigidez como meio de proteção para sobreviver a várias situações desestruturantes. Mas, o problema é que quando esse comportamento já não era necessário, a mudança de hábito não foi fácil. Essa rigidez me fez me afastar de quase tudo o que se associasse ao meu passado remoto, a minha família original e à cidade onde nasci. Hoje, retorno à vida social de Feira de Santana, na intenção de observar, quem me deixou lembranças positivas, que marcas deixei naqueles com quem convivi, que laços foram importantes naquela época, quais merecem ser estabelecidos agora etc.
                                         

A festa Dance Comigo,  no antigo Clube de Campo Cajueiro que tanto frequentei durante a juventude, realizada por Therezza Carvalho, minha prima,  Hilda Marques, amiga de infância, e Hélvia Simóes  que tive o prazer de conhecer, foi um momento privilegiado nesse processo de resignificação. Acho que fui uma das primeiras a comprar convites. No entanto, fui surpreendida pelo fato de que poucas das pessoas com as quais tenho mantido contato, a exemplo das colegas do Colégio Padre Ovídio, que se reencontraram há 4 anos, não estavam lá. Determinada a seguir o fluxo, observar a onda, como diz o meu filho surfista, Ciro Coqueiro,  pude aprender um pouco mais sobre  a capacidade do bambu de se vergar sem se quebrar. 

Como exemplo de que a arte costuma se antecipar aos estudos científicos, muito antes de Bauman, em 1945. a poeta Cecília Meireles lançou o seu livro "Mar Absoluto" que contém o poema  "Desenho":

"(...) Levai-me onde quiserdes! 
- aprendi com as primaveras 
a deixar-me cortar 
e voltar sempre inteira" 

Até as 3h da madrugada do dia 1o., foi exatanente isso o que fiz, dancei no ritmo dos embalos da noite de sábado, os sucessos dos anos 70/80!


Um comentário:

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