quarta-feira, 26 de outubro de 2011

VALEU A VERTIGEM EM VÍDEO



Hoje descobri que já haviam sido divulgados os 10 vídeos que concorrerão aos três prêmios do concurso POESIA EM VÍDEO - FLIPORTO 2011. A nossa gravação do poema "Vertigem" feito para mim por Paulo Coqueiro, estava entre os 45 vídeos pré-selecionados. Como previ e vaticinei para alguns amigos que comentaram sobre os concorrentes, a qualidade dos 45 vídeos pré-selecionados era acima das minhas expectativas e portanto, seria quase impossível ficarmos entre os premiados e muito improvável que estivéssemos na lista dos 10 melhores.

De todo modo, fico feliz em ter participado do concurso. Estar entre os 45 vídeos pré-selecionados de um total de 210, representa ter superado os quase 80% deles. Para as escassas condições que tivemos (nos últimos dias, sem filmadora, microfone ou ilha de edição, com apenas um ensaio rápido e tendo o banheiro de casa como locação), devemos considerar a tentativa como quase vitoriosa e um incentivo a novas e mais cuidadosas investidas. Para quem quiser conferir, o nosso vídeo foi postado no youtube:

Acabo de assistir os 10 selecionados e reitero a minha preferência inicial pelo poema "Eu não escrevo versinhos para o papai" de Maíra Parula, inscrito por Eliane Garcia. A edição é muito cuidadosa, o poema é belo e visceral e a intérprete tem boa e clara dicção. Apenas faço a ressalva de que o final do poema merecia uma melhor entonação e destaque. 

Dentre os 10, não selecionaria dois deles:
 "Os Ossinhos no Bau"  - não consigo ver associação entre as imagens do vídeo e o texto;
 "Dentro e Fora" -  o poema é bonitinho e intimista, mas me parece simples demais para um
                                  projeto com esse;
"Ele nasce de um amor desconhecido" de Eliana Mora - embora o poema não seja ruim,
                                 o vídeo mostra apenas as imagens da leitura do poema.


Quero assistir com mais atenção os vídeos:
                                "O Carteiro e o Poeta" de Niti Merhej
                                 "Somos a cor e o som do português" de Victor Dreyer
                                 "Deixe passar" de Rui Werneck de Capistrano


Apreciei a edição de imagens do Poema "Ela amava as coisas, de Ricardo Sêco.

Por fim, se me fosse dado o direito de definir a classificação, ela seria a seguinte:


3o. LUGAR: Cátia Cunha e Silva
                       http://www.youtube.com/watch?v=2veJ5M2JD30 


2o. LUGAR: Lúcia Helena Ramos com "Penélope"
                       http://www.youtube.com/watch?v=KWTTfhZXuZ8

1o. LUGAR: Eliane Garcia com o poema "Eu não escrevo versinhos para o papai" 
                       http://www.youtube.com/watch?v=cHxT6X_4pls


FAÇAM COMO EU, ASSISTAM, VOTEM E COMENTEM!

sábado, 15 de outubro de 2011

MORAL DA MINHA HISTÓRIA - 02

COMEÇAR
Nos primórdios, as cordilheiras se confundiam com nimbos amontoados no sopé. Apesar da contra-lua solar oriental asfixiada, raios prateados se desbaratavam, desenhando um halo tênue em seus cabelos ondulados com a brisa matinal. Pouco se via de um riacho que arrastava pequenos seixos e bolhas translúcidas em volta dos seus tornozelos. (Somente eu apreciava essa grandeza épica, me esquivando entre o cascalho e o lodo, me abrindo pequenas frestas em meio à folhagem baixa e me perguntando obsessivamente, com as mãos úmidas de orvalho e medo, antes de acionar o mecânico gesto: "Será que ela me quer?")




PERMANECER
Uma luz clara e leve espalha uniformemente sobre sua pele uma suavidade plástica que me permite vê-la inteira. E o que poderia ser um sombra sutil sobre seus seios, coxas e olhos é preenchida por intermédio de um rebatedor circular que uso para difundir toda aquela luminosidade de volta. (Centenas de registros guardados em gavetas, na cabeceira da cama, em porta-retratos, em poeirentos classificadores no maleiro do guarda-roupa, em arquivos digitais espalhados em CDs e pen drivers são na verdade fragmentos de uma dúvida que nunca cessa: "Ela ainda me quer?")



MORAL DA HISTÓRIA: Quem disse que o melhor é comemorar 25 anos de casados? O fotógrafo é o mesmo e a técnica foi muito aprimorada. Mas o importante é que, aos 52, ainda continuo sendo a musa de suas lentes e textos! A nostalgia está de greve. Que viva o aqui e o agora!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

DE CANÇÕES E ENCONTRO DE PASSARINHOS




No início da noite de ontem, fizemos o tão esperado recital com poemas de Cecília Meireles e Mário Quintana. Esse foi, sem dúvida, o recital mas difícil de parir. Em meu movimento de reclusão, eu me sentia aconchegada no útero, sem disposição para entrar em contato com o mundo de ar lá fora.

Um dos motivos foram os desfalques ocorridos no grupo: Sarah foi para a França, Mara Vanessa sempre atarefada com viagens a trabalho, Silvana com problemas de saúde, Esther envolvida com as aulas etc. Pareço ser a pessoa que possui maior dificuldade com os afastamentos e perdas da Escola Lucinda de Poesia Viva – Salvador. Mantenho uma contabilidade rigorosa dos débitos e ainda lamento as saídas de Carlos Gregório, Fernanda, Juliana e Mazé. Parte disso deve-se ao fato de que sei da importância de cada membro no amálgama que representa o grupo. O outro e ainda perene motivo, é essa minha alma nostálgica, que luta em aceitar a vida como sucessão de surpreendentes e eternos movimentos. Sou aquela mulher que, às véspera de completar bodas de prata de um bom casamento, ainda sente a enorme falta dos primeiros anos de paixão avassaladora. Decididamente, a calma não é a minha marca registrada. O romantismo, a ânsia por intensidade e entusiasmo, o são.

Perdas e faltas à parte, o recital foi muito bonito. Daquele nosso jeito ainda desorganizado, mas extremamente natural e emocionalmente envolvido. Fazendo um esforço em me concentrar mais nos ganhos do que nas perdas, observo a boa energia trazida pelo novo componente, Luciano. Ele fala com emoção, tem um bom volume de voz e um senso de organização com o qual me identifico bastante. Pelo que vejo, irá ser muito importante em fazer ver ao grupo que podemos continuar sendo espontâneos, sem deixar de investir um pouco para que possemos melhorar a cada dia. Deixando claro que a organização não tirará a nossa essência de grupo aberto e meio anárquico. Ao contrário, ela irá potencializar o que temos de melhor: o prazer de estarmos juntos a comungar nosso amor à poesia. Agradeço a Heitor Guerra pela gentileza de nos assistir e fotografar (confiram álbum enviado por ele no link https://picasaweb.google.com/109252215954786997018/20111009?authkey=Gv1sRgCKG4oYy5xZPiYA&feat=email ) e a Thiago, a confecção do banner, programa e brindes. As presenças de Fátima Santa Rosa e Pedro, nossos irmãos da Cia Subversiva, foram bastante encorajadoras, embora tenha ficado registrada a falta de Inês, nossa acompanhante mais assídua. Mesmo convidada, Esther não se dispôs a apresentar uma de suas poesias, mas vê-la na platéia nos trouxe uma boa sensação de cumplicidade. Porém o destaque mesmo, foi Silvana, que não hesitou em apresentar, de improviso, mais um belíssimo poema de Cecília Meireles.

Silvana apresentando seu poema de Cecília.

O recital, o grupo e a vida continuarão. Nesse domingo, faremos nova apresentação às 18h na Saraiva do Shopping Iguatemi. De minha parte, reafirmo o prazer em ainda fazer parte dessa escola. E como disse Quintana, “(...) não me corte em fatias, ninguém consegue abraçar um pedaço. Me envolva todo em seu braço...". O que penso mudar, é o meu registro de caixa: quem sabe consigo passar a olhar mais a relação dos créditos do que a lista dos débitos? Decidi fazer coro aos anseios de disciplina e estética do novo integrante. Juntos, talvez venhamos a contagiar os demais...



Sem a presença de Mara Vanessa, fomos apenas 7.