MEXERAM COM TODAS
As mulheres são alvo de violências em
todas as partes do planeta, seja na Síria, no Brasil ou no Sudão. O que muda
então? Mudam a intensidade e a forma, mas a dura realidade de ser mulher em
sociedades patriarcais não mudou ainda não.
Segundo a bíblia, o mundo foi feito
por intermédio do verbo. As coisas começam a partir da palavra: pensamos com a
palavras, sonhamos com palavras, desejamos com palavras, colocamos o desejo no
mundo através da palavra e, só depois, o que era palavra se materializa em algo
mais concreto do que ela. No entanto, a palavra pode ser veículo de utopias ou
de distopias, de opressão ou de libertação. O projeto “MEXERAM COM TODAS” tem
na palavra nas formas oral e escrita o seu instrumento transformador. Através
dela visamos encorajar mulheres a tomar consciência dos acontecimentos em que
foram desrespeitadas apenas por serem mulheres em um ambiente de machismo
estrutural, para que a partir de seus relatos, possam buscar caminhos para
trazer para o real a possibilidade de um mundo mais igualitário entre homens e
mulheres.
Nesse sentido, em agosto de 2022, realizei a realização a oficina"Escrita Terapêutica para Revelar e Combater a Violência de Gênero", no III Encontro Nacional de Mulheres do SINASEFE, na cidade
de Fortaleza. Nela, convidei 40
mulheres a escreverem um relato de uma situação de violência que sofreram,
misturei os textos sem identificação de autoria e os distribuí aleatoriamente.
Cadastrei todas elas em um grupo no whatsapp de nome “Mexeram com todas”
e pedi que nos enviassem áudios lendo os relatos recebidos. Desse modo, visava
estimular a sororidade em todas nós.
Para que esses relatos nao ficassem restritos ao pequeno grupo e fossem ouvidos por pessoas de todos os gêneros iniciei a Etapa 2 do projeto "Mexeram com Todas". Assim, para marcar esse Mês da
Mulher de 2023, de uma forma menos folclórica e mais reflexiva, em cada um dos
seus 31 dias, um relato está sendo
divulgado sem identificação da autoria do texto nem da voz que o lê. Penso que essa é uma boa iniciativa para
marcar a necessidade de luta pelos direitos da mulher, tão ameaçados nos
últimos anos, inclusive com o aumento do número de feminicídios. Considero que, mais do que engrandecer a
beleza e força femininas, é necessário que outras mulheres que sofreram ou sofrem
abusos se fortaleçam para denunciá-los, deixando claro que a dor de uma de nós
mobiliza a nossa dor, assim como a força de uma fortalece todas. Os podcasts com os relatos podem ser ouvidos no Spotify. Sua repercussão sinaliza que é preciso dar continuidade a ele, orientando novas oficinas e, com a permissão das
participantes, tornando público os seus resultados. A quem considerar relevante a iniciativa, solicito que participem do projeto, seja enviando textos, gravando outros ou apenas divulgando o projeto.
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