Comprei Kairós, último livro de Vladimir Queiroz, assim que
ele foi lançado, no final de 2020. Não por coincidência, mas por
sincronicidade, algo peculiar se deu: antes de receber o livro, encontrei a
palavra do seu título, cujo sentido desconhecia, em um dos dois livros que
estava lento, justamente em um parágrafo que deixava claro o seu significado.
Como Vladimir tinha me pedido que lhe mandasse uma foto quando o tivesse em minhas
mãos, imediatamente pensei em fotografar seu livro sobre a página do outro, com
a palavra em destaque. No entanto, como estava muito deprimida, não tive ânimo
de levantar da cama para pegar um lápis e assinalar a página.
Quando o livro chegou, ele passou pelo protocolo de
segurança contra a Covid-19 que utilizávamos em relação a todas as compras e
correspondências: entrada pela garagem, álcool gel em embalagens plásticas,
lavagem e imersão de frutas e verduras em solução desinfetante e quarentena no
que não pudesse ser molhado. Obviamente o livro passou pelo último
procedimento.
À época, estávamos no meio de uma reforma e todos os
materiais de construção eram armazenados na garagem. Passado um período
razoável, procurei o livro e não o encontrei. Como temos muitos livros,
aproveitamos o momento para doar parte deles. Foram três caixas grandes e cheias.
Como ele continuasse desaparecido, comecei a ficar preocupada porque precisava
fazer a foto, pois não queria deixar de satisfazer um pedido simples de uma
pessoa que sempre foi atenciosa comigo. No entanto, passei a temer que o livro
tivesse ido junto com as doações... Envergonhada, quando ele me ligou reiterando
a solicitação, disse-lhe que todos os livros tinham sido empacotados por conta
da bagunça e logo lhe enviaria o prometido.
Só em maio, depois daquele que foi o maior período em
depressão por que passei (seis meses), comecei a fazer a arrumação das minhas
coisas pessoais. Por fim, no início desse mês agosto, resolvi organizar os meus
livros: no escritório, os de Matemática e Inglês instrumental e literatura
infantil; na sala, os clássicos; em um armário especial, os livros de poemas; nas
estantes do quarto, os mais queridos e nas prateleiras da cabeceira da cama, aqueles
que estávamos usando. Com alegria, descobri o esconderijo do fujão, peguei os
outros dois livros e corri para tirar a foto. Pela minha lembrança, a palavra estava
escrita no meio de uma das páginas da direita de um dos dois livros. Percorri um
deles e não a encontrei onde julgava estar. Peguei o segundo livro e fiz o
mesmo. Nada! Voltei ao primeiro e olhei em todas as páginas. Depois de varrer
feito scanner ambos os livros, desanimada, resolvi compor a foto com os três e
escrever esse texto. Não resisti à vontade de tirar outra foto, colocando exemplares das duas edições do meu
livro “PROSAC – Letras em cápsulas”, ao lado do dele. Afinal, todos eles foram lançados na mesma época, em Kairós.
Ah... Que sensação prazerosa ler/ver teus passos (d)escritos! Esta narrativa me fa refletir em torno da complexidade dos emaranhados do Tempo. Haja paciência, sabedoria e humildade para aprender com os tempos! Terno abraço, Vera!
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