Foi um choque assistir pela televisão a revelação de que Boa Nova está longe de ser um local pacato e seguro. A exemplo do que tem acontecido em várias cidades do interior da Bahia, no dia 29 de agosto, foi a vez de Boa Nova sofrer um grande episódio de violência. O 37º caso deste ano de assalto a banco desse tipo, no estado, se destacou pela intensidade e rapidez da ação. Em cerca de 15 minutos, depois de atear fogo em um caminhão para bloquear o acesso à BR116, homens encapuzados e fortemente armados entraram atirando na cidade com 2 carros, fizeram dois policiais e o gerente do banco de reféns e ainda puseram fogo em carros para obstruir a passagem da ponte sobre o Rio Uruba, dificultando a ação da polícia. Se, a 450km de distância, fiquei estarrecida com as cenas projetadas, imagino a sensação que elas causaram aos habitantes da cidade, cujo sentimento de insegurança foi possivelmente agravado após a passagem de um grande contingente de policiais seguidos por um helicóptero, que resultou em fracasso na captura de 11 dos 12 criminosos.
A consciência do absurdo aparato militar mundial com iminência de uso, a inevitável certeza de que não há lugar na terra onde possamos estar imunes à extrema violência e até a convivência com atos cotidianos violentos não devem, no entanto, ser o foco das lentes com as quais escolhemos enquadrar a nossa realidade. Nesse sentido, talvez possamos fazer um contraponto à tendência da mídia em geral de dar ênfase a notícias violentas (com programas em que, ao meio dia, o expectador é convidado a assistir a cenas sanguinolentas), através de um esforço em nos concentrar em aspectos positivos da realidade, na intenção de reverberar boas energias. Assim, vale a tentativa de valorizar os bons acontecimentos locais, associando Boa Nova, não ao assalto tão propalado, mas às suas manifestações culturais, ao redescobrimento do gravatazeiro e à criação do Parque Nacional, para que fiquem “guardados” na memória da população local e de seus visitantes, as notícias dadas com menor estardalhaço, repetição e intensidade.